quarta-feira, 12 de março de 2003

Languidez

Qualquer cidadão decente tem que por esta altura andar minimamente obcecado com o IRS. Aliás, a obsessão deve começar muito antes, mesmo antes do Natal, a altura do bombardeamento dos PPR’s. Não há canal que se mude, não há pagina de jornal que se vire, que não tenha lá enfiada publicidade dos bancos e seguradoras, os mensageiros que anunciam para breve a chegada do messias da desgraça. O instinto leva qualquer um a pedir ao amigo que percebe de informática ou ao primo dele que trabalha nas finanças, que lhe arranjem a disquete mais desejada do ano com o programa de simulação, esse oráculo que permite saber o futuro com uma precisão até ao cêntimo.Por esta altura, a poucos dias do termo do prazo para entrega dos números do ano passado, não há cidadão que não faça simulações, não vasculhe entre as entrelinhas dos códigos, não há ninguém que não se lance em busca da factura perdida e todas as artimanhas possíveis.Precisamente nesta altura, em que me encontro em falência técnica, mais do que nunca, deveria ser bom cidadão, juntar-me à prole, e apaixonadamente discutir a táctica e a estratégia do IRS deste ano. Mas tal não acontece e deixo-me arrastar nesta languidez irresponsável até ás ultimas horas do ultimo dia, sem facturas, sem truques nem dicas, meia dúzia de números apenas que nem sei onde os encaixar. Sabe-se lá, que fortuna não estarei eu a perder vitima de mim próprio.

segunda-feira, 3 de março de 2003

Mais depressa que eu

Nunca me dei bem com o efémero. Nunca achei piada oferecer a alguém um ramo de flores sabendo que passados uns dias elas vão esmorecer e morrer mais depressa que eu.