sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Acabo de ver um gajo parecido com o Vladimir Putin empunhando em ambas as mãos diversos bilhetes de lotaria e que caminha entre a multidão com ar de satisfação muda. Faz breves paragens, vira-se para as pessoas e flectindo as pernas, abana as mãos como se tivesse os bilhetes premiados.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Como a minha actividade paranormal tem andado em baixo, não tenho aparecido por estas bandas. Embora de vez em quando me tenha lembrado deste meu projecto que se propõe efectuar uma investigação séria à tristeza, logo de imediato surgia em mim este pensamento: “que se fôda o blog!” Mas a verdade é que sabia que mais tarde ou mais cedo acabaria por aqui voltar. Não esperava que fosse por uma razão relacionada com um tema de certa maneira tabu entre a malta. Que eu saiba nunca li nada em blogs sobre o assédio dos rabetas a gajos normais escrito pelas vítimas, os gajos normais. Como ‘gajos normais’ quero dizer gajos que gostam de gajas e mais nada. Com ‘mais nada’ quero dizer que para muitos desses gajos, além de serem do Benfica, a normalidade ficar-se-á por ali e quem sabe até um dia em que um gajo gostar de uma gaja seja considerado uma anormalidade. E digo gostar, do género sentir tesão.
Aconteceu-me uma merda bastante desagradável hoje e daí vir agora até aqui desbobinar. Se pudesse tomava também um duche. Sei lá, talvez me ajudasse a limpar do desagradável acontecimento de que fui protagonista. Cortar o cabelo irei fazê-lo, logo, de certeza absoluta. Cortar o cabelo para mim tem um efeito terapêutico formidável. Ás vezes ando com neura e o facto de cortar o cabelo, não sei se é por poder espreitar pelo espelho a peidola da Fátinha ali a sirandar à minha volta enquanto me o corta e me conta as fabulosas aventuras da filha na escola, se simplesmente são as energias negativas que se me acumulam no couro cabeludo, sentido-me sempre aliviado de as ver ali no chão debaixo dos pés da Fátinha a serem depois varridas para dentro dum caixote do lixo onde irão encontrar-se mais tarde com latas de conserva de atum abertas e outro material não reciclável num qualquer aterro sanitário. A minha esperança é que por esta hora já ninguém esteja a ler esta merda. Na verdade tive uma necessidade tremenda de expurgar o desagradável acontecimento de que fui protagonista e daí ter vindo para aqui escrever e ressuscitar este blog quando se calhar já muitos o julgavam moribundo. Ainda assim, à cautela, vou tentar divagar ainda mais qualquer coisa, acrescentar mais meia dúzia de linhas de palha até chegar ao cerne da questão e que secretamente desejo que ninguém leia. Embora saiba que ao escrever “desejo que ninguém leia” esteja a despertar curiosidade num post que por este andar vai ser o post mais comprido e chato da minha vida. E estou a escrevê-lo primeiro no Word não só por causa do corrector ortográfico mas também porque não convém que o Blogger esteja muito tempo aberto aqui no trabalho. Acredito que há um qualquer puto bexigoso da informática que deve controlar esta merda, os acessos da malta à net durante o horário de expediente. Quando terminar de escrever, irei fazer copy & paste do texto para o Blogger. O problema ou talvez a vantagem é que os tipos do Google devem conseguir identificar os textos que foram copy & paste, e para eles tais textos constituirão informação duplicada, copiada, lixo que deve ser relegado para o fim no motor de busca. Aqui fica a dica para bloggers: se querem que os vossos textos sejam melhor pesquisáveis e apareçam nos primeiros lugares nos resultados do Google, quando estiverem a escrever os vossos posts façam-no directamente na caixa de texto do Blogger.
Bem, falemos então do que me aconteceu. Antes relembro um domingo à noite em Mafra quando andava na tropa. Um camarada meu chegava do fim de semana civil bastante perturbado. O tipo vinha do Entrocamento de comboio e ia depois a penantes até à Praça do Comércio onde se encontrava com um gajo de outro pelotão e vinham os dois no carro do outro apanhando pelo caminho outros recos (recrutas). Nessa noite, naquele quartel de luxo no interior do convento de Mafra, o tipo contou-me a mim e a mais outros gajos que cerca de uma hora antes, quando chegara a Santa Apolónia (estação) e se dirigia a pé ao encontro da habitual boleia, pelo caminho tinha sido abordado por um cabrão de um velho que o tinha assediado. Não o largaria até chegar ao carro. O velho, certamente com fetiche por rapazinhos fardados, insistia para que ele o deixasse chupar-lhe o piço. Dava-lhe vinte contos se lhe deixasse ‘mamar até ao fim e beber tudo’. E por aí fora, foi sempre a chateá-lo. O meu camarada era um gajo assim a dar pró brutamontes mas com cara de bebé, aquele tipo de gajo que se nota claramente quando está encaralhado porque o sangue lhe sobe exageradamente à cara. Contou-nos o transtornado pele vermelha que durante o caminho por várias vezes enxotara o velho, ameaçando-o que lhe ia aos cornos, mas o cabrão do velho nunca despregara e até correra atrás dele. A coisa na altura e durante muitos anos meteu-me confusão… Como podia alguém pagar para chupar no piço de outro ? Com o passar dos anos e depois ler o que se encontra escrito nas portas das casas de banho das estações de serviço das auto-estradas, apercebi-me que é um passatempo muito vulgar entre a rabetagem.
Lembro-me que na altura esta conversa serviu de mote a outras histórias que se teriam passado com outros camaradas. Todos os presentes confidenciaram histórias mais ou menos semelhantes sublinhando no entanto a forma heróica como se tinham desenvencilhado dos rabetas, sempre oferecendo-lhes porrada e até chegando a ir-lhes ao focinho. Senti-me aliviado por nunca me terem ocorrido semelhantes episódios. A verdade é que nunca fui um fantasma atraente para as gajas e portanto, no domínio dos rabetas também nunca o fui. Dificilmente alguém me consegue detectar. Mas se me visse numa daquelas situações não saberia como reagir. Decerto que não seria com violência porque eu não sou um gajo violento. Não por convicção, antes porque não tenho alternativa. Deus Nosso Senhor não foi generoso com a minha compleição física. Se pudesse era violento de bom grado. Mas dadas as contingências do meu ser, se me armasse em violento o mais certo era alguém ser violento também para mim. E isso eu não gosto. Prefiro ficar quieto. No entanto, passaram já bastantes anos e o que aconteceu aos meus camaradas, e que certamente já aconteceu a toda a malta da minha geração, também já me aconteceu a mim: Já fui assediado por rabetas. E caralho, não foi uma, não foram duas, foram três vezes, quatro, contando com a de hoje. O que não é muito. Não chega a ser uma vez por ano, quanto muito, foram uma ou duas vezes por década. A coisa fica na memória porque os rabetas são assim, extremamente directos e decididos, desbocados, descarados e ao mesmo tempo corajosos presumo. Correm sempre o risco de apanhar no focinho mas arriscam.
Presenciei uma vez uma cena memorável no Bairro Alto. Um tipo estava supostamente a fazer-se a outro. O outro sentindo-se incomodado foi ter com ele e começaram à porrada. Foram rapidamente separados mas deu para perceber que o rabeta dizia que não estava a olhar para o outro gajo não senhora. O outro gajo dizia que ele estava sim senhora. Estavam assim neste despique patético que tomei como lição. Considero perigoso um gajo confrontar um rabeta que o está a galar, com abordagens do género: “olha lá oh meu palhaço estás só a olhar para mim… há algum problema ?” Eu sei que é o que apetece fazer. Mas não, este tipo de abordagem não será o mais indicado. O rabeta fica com uma história para contar aos outros amigos rabetas e para ele será certamente uma vitória aperceber-se que conseguiu tirar um gajo do sério e deixá-lo bem fodido da vida perante a sua atitude cínica. O que sempre fiz foi ignorar, fingir que não me estou aperceber da situação e assim deixar o rabeta confuso ou a pensar que um gajo é parvo ou muito inocente. E mais uma vez presumo que os rabetas não gostam deste tipo de gajo, parvo e ou muito inocente.
As situações que se passaram comigo foram levezinhas, tirando a de hoje que me deixou fodido e me fez vir aqui escrever. A primeira foi num bar-disco no Algarve. Naquele momento estava sozinho junto a uma pequena mesa redonda e alta a galar as gajas na pista. Bebia uma imperial e quando chegou ao fim, quando ia colocar o copo vazio na mesa, estava um copo cheio junto a mim mesmo a pedir para ser bebido. Olhei para o copo e reparei num gajo que estava do outro lado da mesa e que me fez sinal apontando para a cerveja, do género “bebe querido que essa pago eu!”. Fingi que não era nada comigo. Nem reparei na fronha do gajo. Sei que desandei, não voltei a frequentar aquela mesa ou a olhar naquela direcção e o resto da noite decorreu com toda a normalidade: eu a beber mais cervejas e a galar as gajas na pista.
A segunda situação constrangedora ocorreu numa despedida de solteiro. Um panhó de merda aproximou-se do nosso grupo e perguntou se conhecíamos algum sitio fixe para curtir a noite. Estávamos na baixa, a caminho do Bairro Alto e eu era ali o veterano do grupo. Disse-lhe que fosse até ás Primas. Erro crasso! Dar conversa a panhós rabetas em qualquer parte do mundo é contraproducente. Mas sinceramente, na altura o tipo pareceu-me apenas mais um gajo com falta de mulher. O tipo não mais me largou com perguntas e perguntinhas até chegar rapidamente aquele ponto da conversa em que começa realmente a cheirar a esturro. Escusado será dizer que os conpinskas que me acompanhavam já se tinham apercebido da cena, colocando-se a uma razoável distancia a gozar o prato. O rabicholas já falava mal das gajas, que só davam problemas e tal… E tal o caralho!! A solução passou por deixar de responder. Simplesmente ignorar o gajo, como se fosse um cão vadio com aquelas carraças que parecem ervilhas penduradas nas orelhas, assim como faço com os pedintes. E o tipo lá desandou.
No Bairro Alto, numa outra noite, aconteceu-me uma que não foi propriamente um assédiozito. Metemo-nos com umas gajas que traziam a reboque um rebetazito. Ás tantas ele começou a fazer-se de intermediário, do tipo, que tínhamos hipóteses com elas, que uma gostava assim, a outra era assado, mas… Tínhamos mais hipóteses com ele… Lembro-me que o gajo às tantas me disse que apesar de ser rabeta era bem capaz de ser mais homem que eu! Uma coisa não invalidava a outra. Respondi-lhe que eu também era ateu mas que era mais cristão que o Papa! O tipo era um entertenier com piada e lá nos convencemos a segui-lo e a mais as gajas até ao… falha-me agora o nome… fica ali no Príncipe Real, muito conhecido…Trumps. Sei que chegamos à porta e tivemos de fazer um compasso de espera, capricho do portas. Estava também ali um policia que meteu conversa connosco e perguntou-nos se já conhecíamos o lugar. Nós dissemos que não. E era verdade. Lisboa era o Bairro Alto e o Príncipe Real era território inexplorado e desconhecido. O bófia, que nos tirou a pinta a certa altura disse-nos estas sábias palavras: “Epá, vão-se embora que isto não é para vocês…”
E hoje aconteceu-me esta merda… Entro no comboio e sento-me ao lado duma gaja. Não deu para lhe ver bem a cara mas sei que é loira. Na estação seguinte entra um gajo, engravatado, que se senta à sua frente. Quando passa por mim, toca-me no sapato e pede-me desculpa. Foda-se também não era razão para pedir desculpa! Acontece, é perfeitamente normal, o espaço entre os bancos é diminuto, normalíssimo a malta tropeçar nos pés uns dos outros. O gajo não me deu nenhuma canelada, foi um toquezito. Mas pronto, há gajos cheios de delicadezas e nove horas… O problema é que o engravatado, passados alguns momentos, sem a mínima razão e inesperadamente, desloca-se do banco frente à loira para o banco frente a mim. Ou seja, fico frente a frente com um, obviamente e mais que certo, rabicholas. De outro modo, que gajo ‘normal’ sai de um banco junto à janela, frente a uma gaja loira e boa para a frente de outro gajo agarrado a um telemóvel a jogar Chuzzle? Mas calma, começo de imediato a considerar outras hipóteses que teriam provocado esta súbita mudança de lugar. Estava sol a bater na cara do menino ? Não. O banquinho onde estava o menino tinha algum defeito ? Não. O menino não tinha espaço para colocar as perninhas ? Não, a loira estava toda encolhida de frio no banco.
As minhas duvidas desfazem-se por completo quando desvio o olhar do telemóvel e olho em frente. Constato que o gajo está a olhar para mim fixamente. Foda-se, Chuzzle outra vez durante alguns segundos e novo teste. O rabeta parece absorto em mim. Certifico-me, fito-o nos olhos algum tempo: é rabeta, não há duvida! Desculpem mas nenhum gajo que não conheça outro de lado nenhum fica mais que um décimo de segundo a olhar os olhos do outro em silêncio! E agora ? Não sou homofóbico, juro. Sou daqueles gajos politicamente correctos que acha que se são felizes a levar na peida epá tudo bem, é lá com eles. Agora não se sentem é meio metro à minha frente e se ponham em transe hipnótico a olhar para mim!
E agora um pormenor muito importante nesta história. Estou constipado! Durante todo o caminho vou a fungar. Estão a ver aquela situação incomoda em que estamos sentados frente a frente com um paneleirote e estamos com um constante corrimento nasal e temos de estar sempre a fungar para o liquido não escorra até aos lábios ? Estava assim. O quão eu desejava ter um lenço de papel. E às tantas, o perspicaz rabeta, cheio de delicadezas, saca do bolso uma embalagem de guardanapos de papel e estende-a à minha frente! E agora caralho ? Um gajo a precisar urgentemente de um lenço de papel e tenho um rabeta a oferecer-me uma embalagem inteira. Se fosse uma gaja que estivesse à minha frente oferecer-me-ia um lenço ? Claro que não. Era capaz de mudar de lugar enojada. Mas como é um rabeta, obviamente que sim, excelente motivo para meter conversa. Recusei a oferta e continuei a fungar.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Duas miúdas conversam animadamente. O tema é o wrestling. Uma viu o Raw na sexta à noite. A outra não viu o Raw na sexta à noite mas por seu turno viu o Smackdown no sábado de manhã. Seguem agora pormenores dos combates, que às tantas entrou o Baptista e mais não sei quem. São assim matulonas, mais de 18, seguramente, merecendo claramente a distinção de “já boas para levar com ele”. Lembro-me de um texto publicado no expresso deste fim de semana, onde se fala sobre o que se fala nas revistas femininas, principalmente as especializadas em telenovelas. Numa dessas revistas, publica-se um dicionário de posições e práticas sexuais. Uma delas consiste no seguinte:
Um gajo está a comer uma gaja à canzana e às tantas tira-o para fora e finge que se vem cuspindo-lhe para as costas. Ela, julgando que terminou o coito, vira-se e nessa altura o gajo vem-se-lhe para a cara. A prática tem o nome de “Houdini” numa clara alusão à ilusão em causa e é supostamente popular entre a miudagem.
Não admira que miúdas assim, apaixonadas do Wrestling, inspirem a malta a inventar mais truques de magia assim tão divertidos.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Contaram-me esta anedota. Acho que é a melhor que alguma vez ouvi. Diria que estamos perante uma anedota de antologia que deveria constar nos mais prestigiados livros da especialidade. Passa pelo menos a constar aqui no blog para o prestigiar.


Um tipo que anda a emagrecer de dia para dia resolve ir ao médico para ver o que se passa. O médico, depois de o examinar, informa-o que tem dentro de si uma ténia, é essa a causa da sua galopante magreza. O paciente fica bastante assustado mas o médico sossega-o dizendo-lhe:
- O amigo só tem de todos os dias, depois de chegar a casa do trabalho, fazer uma sandes com chouriço e sentar-se em cima dela.
O tipo assim fez e os resultados começaram a ser visíveis, de dia para dia, ia engordando até que recuperou a sua forma anterior.
Certo dia, satisfeito com o resultado do tratamento, mas farto de fazer sandes de pão com chouriço, e como o chouriço era caro, resolveu diminuir a dosagem, e em vez da sandes completa, eliminou o chouriço e sentou-se em cima apenas do pão.
Passados alguns momentos depois de se ter sentado, sai-lhe a ténia pelo cú e diz:
- Então e o chouriço ?!!!

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Hoje de manhã quando subo em direcção ao trabalho, na entrada de um prédio um sem abrigo dorme profundamente. A cena, inédita naquela rua, impressiona-me. Sem parar, com o olhar percorro todos os pormenores, todos os pertences mais ou menos espalhados ao seu redor. Pouco mais que nada, apenas um cobertor a mais dentro de um saco de plástico. Os metros seguintes são percorridos com lágrimas nos olhos. Não sei se com pena, se com medo. Pena do pobre diabo ou medo de me tornar assim, num sem abrigo porque a minha vida de fantasma parece presa por um fio tão frágil ao qual diariamente faço uma manutenção desesperada, que sinto, a qualquer momento algum pormenor me escapará…
Aproximo-me então do meu quiosque favorito. Já aqui falei na dupla que o habita, da tia e da sobrinha e o quão aprecio e venero esta ultima. Reparei ontem na aliança que trazia no dedo, enquanto falava comigo, de jornais, como de vez em quando e sempre falamos. Passava a mão pela cara, como nunca o fizera, mostrando a novidade, avisando com aquele brilho metálico a estrangular-lhe o dedo. Passei então a conversa dos jornais para as revistas, e pedi-lhe a Maxmen. Porque achei que ela nunca o poderia ter feito, porque sempre a imaginava com rapazinhos conflituosos, relacionamentos fugazes, condenados a viver apenas dias sem a paz que o verdadeiro amor encerra e só alguém que ama verdadeiramente pode experimentar. Decidi tirar um pouco da mascara de rectidão, de subtileza que lhe proporciono sempre. Perguntei-lhe logo quanto era, enquanto remexia já na carteira, para não receber troco, amuado, traído, eu que nunca lhe dou o dinheiro certo, para que sinta sempre o toque dos seus dedos sempre frios… Há alguém que a come, de noite, com todo o tempo da noite, esse tempo eterno. Que inveja, que raiva, que carteira velha tenho. Mostrei-lhe um pouco da minha natureza pervertida, pela primeira vez, uma revista masculina, um cheirinho, que pareceu não surpreender… Disse-me que já não tinha a deste mês, que amanhã, hoje portanto, sairia um novo número e que mo guardaria, a querida, tão querida, tão doce, como ela guarda sempre o “24 horas” à sexta feira. E é hoje, hoje que ela não está. Tento evitar a tia, velha senhora que decerto, sei que sim, já se apercebeu que nunca são as notícias do dia que me interessam. Tento passar ao largo, mas oiço-a, que a minha sobrinha deixou-lhe aqui a revista. Só a revista ? Que me interessa… Ah, é verdade, ia entretido nos meus pensamentos, os olhos ainda mal refeitos, fungo, é da constipação. E quer levar também o livro do Kamasutra ? Olhe são só mais 2 euros! Pode ser, ponha aí tudo dentro de um saco de plástico.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Até um fantasma vai sofrendo os sinais da erosão do tempo. Não é a vida que passa, é mesmo o tempo que vai deixando as suas marcas. Hoje reparei em três dessas marcas, metamorfoses que ainda não tinha reparado terem gradualmente ocorrido em mim. Envelhecer é isto, é reparar nestas coisas, é tomar esta consciência, é não ter mais nada que fazer e assim ter tempo suficiente para estar parado, e reparar nestas coisas e envelhecer.
Primeira constatação: tenho pêlos por cima dos ombros. É patético, é vergonhoso, não está na moda. Não quero acreditar que este verão andei na praia a fazer esta figura, andei com pêlos por cima dos ombros. A coisa está mal semeada porque nunca tive esta tradição, mas salta escandalosamente à vista porque não tenho pêlos nos lados dos ombros. E ali estão aqueles dois tufos, aquelas espécies de divisas com que os anos me galardoaram. Só que em vez de subir, é sempre a descer de patente.
Segunda constatação: Começo a dar mais valor ao corpo do que à cara das gajas. E nunca fui assim. Nunca fui um Turneriano, ideologia que vai buscar às suas origens a esse sex-symbol encantador que povou o imaginário de milhões de adolescentes, que foi Tina Turner. A so called ‘miss hot legs’ era uma quarentona toda boa e enxuta. Pelos quatro cantos da escola elogiavam-se as suas prodigiosas mocas, aquelas pernas impecáveis que dançavam como se tivessem pastilha elástica agarrada aos sapatos de salto alto. A Tina mexia com um gajo adolescente. Mas era igualmente incontornável a sua cara que não se parecia nem ao de leve com nenhuma das nossas colegas. E para mim, uma gaja que não tivesse um rosto sublime ou minimamente parecido com o da Sandrinha da minha turma, não me despertava o menor interesse. Os Turnerianos contrapunham com a solução óbvia: enfiava-se um saco na cabeça e pronto. Hoje, confesso, estou mais perto desta saudável ideologia. Aqui há dias navegava por um site de gajedo que oferece alguns minutos de prazer em troca de dinheiro e onde toda a carne em exibição esconde a sua face num pudor excitante na mesma proporção em que mostra o restante bem torneado produto. Não senti grande curiosidade em saber como seriam as faces daqueles corpos. Antes como seriam aqueles corpos assim mais ao perto. Mas ainda assim, recorrendo à mais alta tecnologia, e porque numa foto uma delas dava a mostrar os lábios, noutra o olho esquerdo, noutra a testa, noutra o olho direito, fiz diversos recortes e consegui completar o puzzle com o rosto completo duma das colaboradoras. Não gostei do que vi, mas de imediato achei que pouco interessava. Não era bonita mas não seria preciso enfiar um saco. O portentoso corpo que exibia relegava para segundo plano o facto de não ser bonita. O triunfo da carne sobre os princípios ? Big deal!
Terceira constatação: Durante anos e anos quando via dois pacotes de leite abertos em cima da bancada da cozinha, nunca conseguia distinguir qual deles estava cheio e qual deles estava vazio. Pegava num copo para o encher e invariavelmente pegava no pacote vazio. Uma metáfora perturbadora sobre as minhas opções de vida, que nunca seriam afinal as correctas. Hoje em dia, e com orgulho o digo, consigo acertar sempre no pacote de leite cheio.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

O meu dia-a-dia é feito de dois pequenos rituais diários que não dispenso. Um desses rituais é o de tentar atropelar logo pela manhãzinha um gajo que anda no meio da estrada a tentar impingir o Global Notícias a mim e aos outros condutores. Como não tenho muito jeito para a coisa e o gajo deve ter um qualquer problema grave de memória, obriga-me a repetir sempre a mesma coisa, que já me entregaram o jornal no cruzamento anterior. Hoje voltei a parar no vermelho e logo o fulano com o seu eterno mau aspecto se abeirou. Tive então a oportunidade de lhe perguntar porque não escolhia outro cruzamento ou então passava a entregar o jornal assim num sítio mais movimentado como na auto-estrada, à saída da ponte. O tipo levou a mal. Espero que amanhã já se lembre de mim.
Outro ritual que não dispenso é a minha visita habitual ao Continente depois de terminada mais uma gloriosa jornada de trabalho. Naturalmente que não vou ali para fazer compras. Os preços são escandalosamente mais caros que no LIDL ou até no Pingo Doce. Têm aquelas tangas dos descontos mas o que está em desconto são sempre merdas que não interessam nem ao menino Jesus. Assim, único motivo de interesse, as gajas que estão espalhadas pelos corredores a darem a provar queijinhos, bolachinhas, chás, enfim, coisinhas que fazem bem ao lanche. Ontem estavam a dar umas fatiazinhas de deliciosas pizas. Fiz várias incursões ao respectivo corredor, ora com o casaco vestido, ora despido, ora aproveitando um maior ajuntamento, para passar despercebido, para não parecer que era o mesmo lambão. Intervalava estas incursões com breves passagens pelo corredor da Compal onde primeiro uma gaja toda boa e depois outra que a substituiu nem por isso, ofereciam aos clientes copinhos com suminho.
Deu para jantar.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Duas rodas em cima do alcatrão, outras duas em cima do passeio. O taxista sai a correr depressa na direcção da tasca. O policia vem a andar devagar na direcção do táxi mal estacionado. Alguns minutos depois, a cena previsível e habitual. O taxista gesticula indignado, que “foi só um minuto”, que “anda a trabalhar”, que “não anda a roubar”, que “trabalha no duro”, filhos para sustentar”, que foi só o tempo de um fugaz bagacito. O bófia, com a insensibilidade de um Colina depois de assinalar um penalti inexistente, lá vai passando a multa e entretanto ultrapassa o ponto de não retorno porque há uma turba de curiosos atentos à cena, a impedir qualquer flexibilidade da autoridade, qualquer “vá lá que desta vez passa”. Estão ansiosos por ver lixado mais um taxista, esses gajos que tipicamente “são sempre a mesma merda” e que portanto merecem todas as multas possíveis.
Atente-se neste exemplo, que ilustra bem o circulo vicioso da filha da putice. O bófia foi-o, o taxista há-de o ser para alguém, porque alguém terá de pagar aquela multa. E assim sucessivamente.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

A Bíblia não é só aquele livro que podemos encontrar a enfeitar as mesinhas de cabeceira dos quartos de hotel. Podemos retirar da Bíblia inúmeros ensinamento das suas incalculáveis short-stories que, se nelas meditarmos, constatamos conterem preciosas instruções para a vida de todos nós. Estou agora a lembrar-me de duas que me tocam particularmente e que gostaria aqui de partilhar, resumindo-as no essencial mas apontado a sua localização no livro sagrado para aqueles que quiserem aceder ao texto na integra. A primeira está localizada em Génesis 37:18-28;39:4-20; Salmo 105:17-19, e reza assim:
Depois de vendido como escravo pelos irmãos, José exerce agora a sua escravatura no Egipto. Servindo o seu amo abnegadamente e tendo assim bom aspecto, é notado pela bela esposa do amo que começa a fazer-se a ele à força toda. No entanto José recusa-se a comer a gaja por causa daquela coisa lá dos mandamentos. Ela, despeitada, vira o jogo ao contrário, e queixa-se ao marido que teria sido alvo de assédio por parte do reles escravo. José acaba por ir de cana, onde acabará os seus dias.
E que no diz esta história ? Além de muito nos dizer acerca da natureza e dos fetiches femininos, diz-nos que nunca deveremos dizer que não, sempre que uma gaja nos assediar. Principalmente se for boa, e se for a mulher ou até mesmo a filha do patrão, melhor ainda e mais razão nos assiste. Duvido que exista algo que melhor faça ao ego de um gajo e o faça levantar todos os dias de manhã com um vigor e vontade de trabalhar extra, do que saber que anda a comer a mulher daquele que o explora.
Outra história, outra preciosa instrução para a vida aparece-nos em 1 Reis 21:1-14; 2 Reis 9:26:
Nabote tinha um terrenozito que ficava paredes meias com o palácio do Rei Acabe, de Israel. Jezabel, a rainha, queria alargar os jardins do palacete e sugeriu ao rei que se comprasse o terreno de Nabote. O rei fez uma proposta irrecusável a Nabote, mas este, por causa daquelas coisas lá dos mandamentos, disse peremptoriamente que não vendia o terreno coisa nenhuma, inviabilizando o negócio. Impossibilitada de ver cumprido o seu sonho, Jezabel arranjou meia dúzia de testemunhas que acusaram Nabote de blasfémia contra o Rei. Como resultado, Nabote e a família foram mortos à pedrada.
Ou seja, deveremos sempre negociar com sapiência, saber até onde podemos ir para vender pelo preço mais alto possível mas nunca fechar a porta à negociação.
Ambas as histórias dizem-nos que muito cuidado devemos ter com as mulheres, a quem devemos prestar toda a atenção e cuidado aos seus desejos e caprichos que muitas vezes podem ser coincidentes com os nossos. Dizem-nos ainda que nunca devemos recusar propostas irrecusáveis só por causa lá daquela coisa dos mandamentos. E este ensinamento podia muito bem ser o 11º mandamento que falta.Apesar dos tempos serem outros, a escravatura, as prisões e as pedras, agora da calçada que devem doer ainda mais, estão em todo o lado, pelo que nunca é demais relembrar estas dicas e aplicá-las na nossa vivência diária se quisermos viver mais, com mais alegria e com a bênção de Nosso Senhor que decerto se regozijará por saber que lemos e aprendemos com o que vem no sagrado livro.

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Há uma mensagem subliminar espalhada por todas as estações de comboio e de metro: o azeite virgem, masculino, está no seu galheteiro, no seu leito à espera de companhia. Há um lugar vago de lado, por trás, pela frente, consoante a posição do galheteiro, destinado ao vinagre, masculino também, havendo três pretendentes que se perfilam em comboio, qual deles mais desejoso de fazer companhia ao azeite sedento de companhia no antro galheteiro. Adivinha-se escolha difícil e não será de admirar, tal é a promiscuidade dos tempos modernos, que o azeite receba os três, e cada um à sua vez consuma com o azeite virgem o acto do libidinoso tempero.
É estranho que o Vaticano não se pronuncie sobre esta mensagem assim a dar pró rabeta que subliminarmente se esconde na publicidade dos novos vinagres duma marca de azeites.

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Hoje vi um gajo parecido com Nosso Senhor Jesus Cristo (NSJC). Há muito tempo que não via nenhum gajo parecido com NSJC mas já me aconteceu várias vezes ao longo da minha fantasmagórica existência cruzar-me com estas personagens. Uma pessoa nunca fica indiferente quando as encara e pensa logo “fosga-se este gajo é mesmo parecido com NSJC!”.
Depois subsiste aquela duvida primordial… É que está entranhada no nosso ADN, essa certeza inabalável que é saber-se que NSJC voltará um dia à Terra. Fica-se sempre a pensar, “espera lá, queres ver que é este mesmo o NSJC original que voltou à terra e escolheu ir de metro até ao Marquês?!”.
É pena que esta coisa dos sósias só tenha sido inventada no século passado. Bem que se safou o Hitler várias vezes, lá se vai safando o Michael Jackson e muito jeito teria dado a NSJC coitado, naqueles tempos em que as pessoas se vestiam com lençóis enrolados no corpo e se entretiam a apedrejar-se e a crucificar-se umas às outras.
Tal como todos os gajos parecidos com NSJC, este que vi hoje tinha todas aquelas características peculiares que o poderiam identificar como sendo NSJC: moreno, barba desgrenhada, cabelo comprido e desgrenhado, aquele olhar alienado, calado, sozinho e parecia ter fome. Não aquela fome de gajas, mas mesmo fome-fome, nutricionalmente falando, de quem lhe apetecia assim uma bela sardinha assada. Tinha era uns ténis da Nike, porque se tivesse umas sandálias, pelo seguro, tinha-lhe logo pedido a benção.

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Fico feliz quando constato que o avanço tecnológico não se verifica só nas consolas de jogos e nos telemóveis, mas nas mais pequenas e discretas coisas que contribuem para o bem estar social e psicológico do individuo.
Aqui há dias estava na fila para sair do parque de estacionamento das Amoreiras e à minha frente seguiam dois brutos carrões. Há muito tempo que não utilizava esta expressão, ‘brutos carrões’. Acho que desde a escola primária. À minha frente seguiam portanto um bruto Mercedes descapotável e mais à frente ainda um bruto BMW normal. O BMW introduziu na ranhura o cartão do estacionamento e a cancela abriu. Combinado que estava com o Mercedes pilotado por uma gaja que de trás parecia-me mesmo boa, começou a abrir por ali a fora que até fez uma chiadeira com os pneus, com a gaja do Mercedes a acompanhá-lo, coladinha para não pagar o bilhete do parque. O problema é que a cancela, mal passou o BM, baixou imediatamente, batendo contra o capot do Mercedes com toda a força possível que uma cancela pode bater. Baixou, bateu e subiu logo, mas houve estrondo e consequente moça suficiente para atrair as atenções. A minha atenção não foi preciso atrair porque já me encontrava em transe a registar todas as ondulações do cabelo loiro da gaja do Mercedes. Mas um segurança preto veio a correr e a gritar “hei, hei!”
E onde entra a tecnologia nesta história real e verídica como são todas as que este fantasma aqui relata ? Já é a segunda vez que ele presencia uma cena destas no mesmo parque de estacionamento. Da primeira vez, curiosamente, a cancela abateu-se também sobre um BMW. Só que assim como caiu com toda a força no capot, ali ficou, caída como que a dizer “ninguém vai a lado nenhum!”. O tipo do BM, com o capot amachucado e a cancela em baixo, não podia pirar-se. Teve de sujeitar-se à humilhação de ser apanhado, algo muito degradante e cruel, um espectáculo desumano e traumatizante, só comparável às sevicias praticadas durante a idade média e no tempo da inquisição. Sei que na altura podia ter ficado ali parado atrás do tipo e presenciar aquele espectáculo grotesco, os seguranças a acercarem-se do individuo, o individuo a forçar ao máximo a massa encefálica para inventar uma desculpa qualquer… Mas não, virei a cara, ultrapassei e passei para a outra cancela e em passant ainda disse “porcaria das cancelas estão sempre a avariar!”, num gesto de solidariedade que digo-vos, até a mim me surpreendeu.
Graças à evolução tecnológica verificada nas cancelas do parque de estacionamento do meu preferido Centro Comercial das Amoreiras, estão agora estas dotadas de um qualquer sensor que, sentindo a bela chapa amolgada de um bruto carrão, sobe imediatamente, permitindo assim ao utente do parque não ser confrontado com a humilhação de ser apanhado a querer escapar-se sem pagar os dois ou três euros ou lá que raio é, que eu não sei porque só entro lá quando já se pode entrar à borla, ao final do dia. Assim, aquela loira a quem lhe foi concedido o direito, e muito bem, de se pisgar, protegida que está pelo anonimato, poderá voltar novamente e efectuar compras, almoçar, ver o seu cinema, enfim, passear-se nos pisos de cima no dia seguinte, como se nada fosse, para deleite dos circundantes transeuntes, sem que tenha seguranças a apontá-la ou lojistas a cochichar pelos cantos quando ela passa. Uma sociedade civilizada passa por estes pormenores aos quais à tecnologia muito temos a agradecer.

quinta-feira, 19 de julho de 2007


Resultados da primeira grande sondagem TSI: Davas boleia a esta gaja ?

Resultados (18 votantes):
Dava caralh*!! 4 (22%)
F*da-se então não ?! 5 (27%)
Trago melhor no carro! 6 (33%)
É a Madonna não é ? 3 (16%)
A gaja é mesmo a Madonna!
Esta sondagem decorreu nos meses de Junho e Julho de 2008.-

terça-feira, 10 de julho de 2007

Os dias nem sempre se repetem iguais e monótonos. Hoje aconteceu-me algo inesperado e completamete inédito: andei numa carruagem onde nunca tinha andado. Segue a lista de evidências:
- Os bancos eram numa espécie de veludo castanho.
- O aviso sonoro do fechar das portas era mais estridente e apresentava uma cadência diferente.
- As molas dos suportes do tecto onde as pessoas se seguram, não faziam o crack-crack do costume, antes, uma chiadeira que resultava numa interessante sinfonia.
Depois, à saída, esbarrei numa gaja que parecia mesmo a Victória Beckham.

terça-feira, 3 de julho de 2007

Sou o único homem dos quatro passageiros que seguem na 1ª classe rumo a Tóquio. No banco à minha frente vai sentada a Shakira, no banco ao lado a Gwen Stefani, e atrás a Cristina Aguillera. A certa altura, 20 mil pés talvez, o comandante avisa os passageiros que o avião ficou sem combustível pelo que se irá despenhar dentro de exactamente dez minutos mais coisa menos coisa. Aconselha a que todos desapertem os seus cintos das calças e aproveitem bem o que resta do catering e dos últimos minutos de vida. Nisto, duas hospedeiras, uma loira, uma oriental e outra que aparece de repente, começam de imediato a beijar-se na boca e a despirem-se mutuamente. À minha volta as cantoras estão em pânico e suplicam-me, uma vez que todos vamos morrer, para me fazerem um bóbó. Digo-lhes que por mim tudo bem, óh pá, venham as três! Mas elas dizem que não, que só poderei escolher uma. Digo-lhes que far-me-à então o tão desejado fellatio aquela que o fizer abnegadamente até ao fim… Todas dizem que sim, que o fazem até ao fim, juram enquanto se benzem, embora eu duvide que elas saibam o significado mágico das palavras ‘até ao fim’. Fico cheio de duvidas sobre qual delas escolher e imploro-lhes para que me façam a mamada as três ao mesmo tempo e se deixem mas é de merdas. Elas recusam, exigem que eu escolha apenas uma e perante a minha indecisão começam a comer-se umas às outras, juntando-se logo as hospedeiras à festa. A cena é bastante excitante, até que me decido… tarde de mais!
Moral da história: Os últimos dez minutos antes de morrermos podem muito bem ser os melhores da nossa vida.

sexta-feira, 29 de junho de 2007


Eu penso que já aconteceu a todos, quando notamos em alguém alguma coisa que não bate certo ou que cheira a esturro. É uma espécie de sentido de aranha que todos temos e que Nosso Senhor nos deu para que nos precavêssemos contra gatunagem, rabetas, gajas parecidas com a Glen Close naquele filme de há uns anos atrás com o Michael Douglas, e outra malta com segundas intenções com a qual nos vamos cruzando ao longo da vida.
Esta sensação de ‘há aqui qualquer coisa que não bate certo’ sinto-a sempre que vejo a estilista Fátima Lopes. E acho que tem a ver na relação que se estabelece entre o seu corpo e o seu sorriso. Lembro-me de a ter visto ela própria, a estilista a desfilar, descascadinha, e como então fiquei estupefacto, pois estava longe de imaginar que a gaja tivesse um corpo daqueles. Estamos sempre habituados a que as estilistas sejam aqueles cromos que depois no final do desfil aparecem mal vestidas e todas encaralhadas de mãos dadas com as modelos boazonas. Neste aspecto, Fátima é uma iconoclasta e que igualmente me deixa sempre surpreso com os seus decotes. Ou seja, o corpo e as mamas que ela tem, parece que têm pouco ou nada a ver com o seu sorriso. Quando ela sorri, é o sorriso de alguém que não tem aquele corpo e aquele belo par de mamas. É como se o seu sistema nervoso, o córtex ou lá ou que é, e todas as ligações que o cérebro faz aos músculos que activam o seu sorriso, apresentassem uma qualquer anomalia que a impedisse de ter consciência do seu par e assim sorrir em conformidade. Não sei, mas parece-me a mim que todas as gajas com belos pares têm um sorriso padrão diferente do sorriso da Fátima. Mas se é silicone pronto, tudo bem.

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Nos altifalantes ouvem-se cânticos religiosos. Vejo algumas freiras e lá no cimo o palanque cheio de padres. Estou entre a multidão, avisto muita gente vestida de preto... Estarei na Cona (ou Cova ou lá o que é) da Iria ? Não. Estou na cidade universitária a assistir à bênção das fitas, martirizante tradição que o 25 de Abril não expurgou. O acontecimento é boff! com os seus rituais enfadonhos, o chorrilho interminável de faculdades e institutos anunciados aos microfones, o consequente abanar das fitas, os gritinhos histéricos, o eferreá e mais o xiribiti não sei quê, e o padre a dizer que reza por todos e mais não sei quê também, e às tantas lançam-se duas pombas brancas para o ar. As pombas limitam-se a voar até ao telhado mais próximo, ao invés de voarem rumo ao horizonte, como se espera sempre mas nunca acontece. Parece-me incompreensível que não se treinem os bichos convenientemente para que voem até à exaustão o mais alto e longe possível, mas de modo a que terminem o seu voo num qualquer campo de tiro para que o seu sacrifício não seja em vão e sejam protagonistas activos nesse nobre desporto que é o tiro aos patos.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Eu sei que não é fácil. Bem vejo os comportamentos atrapalhados daqueles incautos que quando vão muito bem a ler o seu jornal ou a reparar na racha da saia da gaja que vai sentada à frente, quando são confrontados e interrompidos pela presença desagradável de um pedinte a pedir esmola “por amor de deus”, para “comer qualquer coisinha”, a trautear refrães ou slogans de mendigo, e outros que nem precisam de abrir a boca. Não é fácil dizer que não. Somos confrontados com o drama alheio assim de uma forma tão directa que chega a ser desconcertante. Mas lá tem que ser, com mais ou menos desconforto ou vergonha, fica-se um bocadinho mais perto do inferno mas recusa-se a esmola porque senão um gajo não ganhava para os pedintes.
Não é fácil para os outros mas um bom bocado mais fácil para mim, que sou fantasma. Não que a minha discrição me faça imune ao contacto com tais vítimas da sociedade. A minha presença é notada, sou apenas mais um potencial fornecedor da miséria. Mas uma das características que mais agradeço a Nosso Senhor em boa hora me ter dotado e que, garanto-vos, não é produto de qualquer herança genética, é o facto de ficar impávido e sereno sempre que alguém se arrasta até mim a pedir esmola, e assim, conseguir escusar-me com toda a indiferença e facilidade a dar meia dúzia de trocos a alguém. Bem falta me fazem! Geralmente nem sequer olho para o indigente. Faço um pequeno e quase imperceptível aceno com a cabeça que é entendido como “tenho dinheiro mas preciso dele para comprar um telemóvel novo”. Eles compreendem.

terça-feira, 19 de junho de 2007

Começo a percorrer o corredor dos lugares sentados e como habitualmente selecciono criteriosamente o local onde me vou sentar, sempre na expectativa de num golpe de vista vislumbrar o lugar perfeito, virado para a frente da marcha, ao lado duma gaja boa, de frente para uma gaja mesmo boa.
Mas desta vez não tenho alternativa. Por não existirem outros lugares vagos, sou forçado a sentar-me ao lado duma pretita que à sua frente tem um puto pretito, para efeito deste relato, seu sobrinho. A pretita, sem história, agora o puto, rapidamente me faz aperceber que a viagem irá ser um calvário, pois estou na presença de um puto nitidamente hiperactivo que não pára nem calado nem quieto no banco. Até que, quando já me preparo para desenroscar a cabeça do raio do puto como se fosse um daqueles bonecos da playmobil, a irmã, para nos sossegar, começa com ele a cantarolar uma musiquinha que dura todo o resto daquela santa viagem e que reza assim:
puto: “O teu pai construiu uma casa ?”
prima: “Sim!”
puto: “Quantos pregos é que usou ?”
e a prima dizia um número ao calhas, para depois voltar o puto à carga:
puto: “O teu pai construiu uma casa ?”
prima: “Sim!”
puto: “Quantos pregos é que usou ?”
e a prima dizia um número ao calhas, para depois voltar o puto à carga:
puto: “O teu pai construiu uma casa ?”
prima: “Sim!”
puto: “Quantos pregos é que usou ?”
e a prima dizia um número ao calhas, para depois voltar o puto à carga:
puto: “O teu pai construiu uma casa ?”
prima: “Sim!”
puto: “Quantos pregos é que usou ?”
e a prima dizia um número ao calhas, para depois voltar o puto à carga:
puto: “O teu pai construiu uma casa ?”
prima: “Sim!”
puto: “Quantos pregos é que usou ?”
e a prima dizia um número ao calhas, e assim sucessivamente até que, hipnotizado pela musiquinha, desenrosco a minha própria cabeça e a pontapeio para bem longe.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Coisa rara, observo despreocupadamente uma gaja estrangeira entretida a enviar uma mensagem pelo telemóvel. É raro fazê-lo assim, olhar inocente, em que se olha e não se pensa nada do género “grandas mamas”, “olha-me aqueles lábios”, “que peidola divinal”, coisas que com naturalidade passam pela cabeça de um gajo. Observo, simplesmente, fixando pontos sem o mínimo interesse, como os motivos da sua mala de tecido.
A gaja é alemã, não se coíbe de mostrar o visor do telemóvel. Imagino que pode estar a mandar uma sms para uma amiga a dizer qualquer coisa como “anne estou ao lado de um portuga que está só a micar a minha mala... começo a ficar com receio que em vez de me querer comer me queira roubar!”. O que passa pela cabeça de um gajo, mesmo olhando despreocupadamente e sem ter qualquer pensamento pervertido na tola...
Então reparo numa característica interessante na gaja. Ela é daquelas pessoas, coisa igualmente rara, que expressa facialmente o que está a sentir, no caso, o que escreve. Quase que para cada letra que tecla no telemóvel, faz como que pequenos esgares condizentes. Torna-se mais evidente quando remexe na sacola e faz uma expressão com a cara do género “onde é que eu pus os rebuçados do dr. Bayard ?”. É uma mima inata. Enquanto não saio, efectua varias buscas pelos vários bolsos da sua mala, sempre com expressões faciais adequadas a pensamentos tais como “olha!! encontrei este femidon, mas ainda não é isto o que procuro!“. Era boa.

sexta-feira, 8 de junho de 2007

quarta-feira, 6 de junho de 2007

De tempos em tempos paro para pensar. Faz bem um tipo pensar. Interrogo-me então sobre qual a gaja mais boa da televisão actualmente. E ontem cheguei a uma conclusão. Depois de passar com distinção por uma bateria de fetiches e posições sexuais dentro da minha cabeça, Emily Procter ganhou aquele título. É aquela loirinha do CSI-Miami.

segunda-feira, 4 de junho de 2007


O tédio leva-me até à varanda das traseiras daquele 1º andar com vista para uma vivenda com um espaço ajardinado ainda razoável. Não se vê ninguém. Reparo apenas nos únicos seres vivos presentes na paisagem, uma mãe gata acompanhada dos seus quatro filhotes, e deliciou-me a observá-los nas suas brincadeirinhas já com o seu quê de violento. São das coisas mais ternurentas e queridas que existem, os gatitos, quando são pequeninos. Passo ali momentos deliciosos a vê-los naquela galhofa, até que me chamam para ir para a mesa.
Nada acontece por acaso. Tenho a certeza que foi nosso senhor que fez questão de naquele momento não estar a filha da dona daquela casa a apanhar sol em topless no jardim ou a empregada de mini-saia a gatinhar sobre a relva a apanhar ervas daninhas, como já as apanhei, para que a minha lúbrica mente descansasse e assim pudesse usufruir daqueles momentos de tão agradável e meramente inocente contemplação.

sexta-feira, 1 de junho de 2007

Diz-me que uma amiga lhe perguntou pela minha saúde e lhe falou da filha, que teria andado comigo na escola, e que desde sempre tivera um fraquinho por mim. Ainda não casou, está bem empregada, na tap, comprou casa em Benfica e mais alguns eteceteras de conversas de mães. Pelo nome não faço a mínima ideia quem seja, mas escuto atentamente mais alguns detalhes, insistindo naturalmente sobre a descrição física da pessoa que não me deve pôr a vista em cima há mais de 20 anos.
Só passado todo este tempo chegou a revelação do fraquinho… No entanto descanso o espírito porque como a minha retina dela não se lembra, devia tratar-se pois de uma coleguinha fatelazita que certamente assim continuará, estado agravado pelo passar dos anos. Ainda assim, o mistério faz-me voltar ao assunto quando me deito. Então lembro-me, a mais bem comportada e atinada da turma, uma das melhores alunas, cristã, aplicada, uma gaja com juizinho e… tinha um fraquinho por um gajo com uma cabeça como a minha! Já pedi à minha para pedir à outra mãe uma foto actual… De corpo inteiro, claro.

quarta-feira, 30 de maio de 2007

Reparo numa miúda que almoça sempre sozinha. Há nela algo de personagem de filme do David Croninberg, algo inexplicável e ao mesmo tempo assustador, e fascinante, e que me atrai. Há ali garantidamente qualquer coisa de, diria, sinistro, a maneira como ela se esconde por detrás dos seus cabelos pretos compridos e encaracolados, não como manifestação de timidez, antes a mímica duma predadora acossada. A maneira como leva a comida à boca, como come afinadamente o croquete como se caviar se tratasse, nunca tirando os olhos do prato, do centro do prato, do centro do seu mundo, as pausas que faz, como que meticulosamente cronometradas entre o beberricar de mais um pouco de água, uma garfada, o limpar dos lábios com o guardanapo, e que dignidade tem aquele guardanapo de papel, como se fosse seda com a seda dos seus lábios, como se buscasse em todos os movimentos que faz a excelência, como se a quisesse aprisionar, só para si, a perfeição. Não se caia já na tentação de confundir este tipo de gaja que parece mesmo saída de um filme do David Croninberg, com o tipo de gaja que parece mesmo saída de um filme do Takashi Miike. Lembro-me daquele em que a gaja, uma santinha, afinal tinha a mãe em casa fechada dentro de um saco de batatas. O mesmo tipo de santidade virginal está presente nesta miúda mas, com um toque Croninberguiano. Ou seja, temos que estar preparados para sucessivas mutações que podem ocorrer na bela e distante criatura e acima de tudo extrapolar toda aquela instalação para o campo sexual. E a este nível, tenho dificuldade em arriscar fazer juízos de valor sobre este tipo de gaja em concreto. A minha especialidade são gajas que parecem mesmo saídas de um filme do David Lynch. Identifico-as a léguas, como que consigo projectar na minha mente as suas capacidades performativas. Embora seja mais bem sucedido depois na prática entre aquele tipo de gajas que parecem mesmo saídas de um filme do Tim Burton. E da filmografia deste realizador excluo obviamente, o Planeta dos Macacos. Apesar de brilhar no dito filme uma loirinha bem humana, ainda assim não era uma Burtoniana. Embora o que eu gostasse mesmo era agora de comer uma gaja que parecesse mesmo saída de um concurso da TVI. Irei no entanto continuar com as minhas observações, as minhas medições, calculando, tentado descodificar, encontrar uma qualquer brecha naqueles cabelos compridos e encaracolados.

terça-feira, 29 de maio de 2007

Uma gaja que conversa com outra. Há algo de peculiar nela. Parece observar-me ocasional e discretamente. Faz-me lembrar a Ripley do Alien, só que vestida com uma casaquinha com enchumaços nos ombros. Reparo então que é ligeiramente estrábica. Tudo tem uma explicação.

segunda-feira, 28 de maio de 2007

O comboio acabou de partir da primeira estação com não mais de meia duzia de passageiros dispersos naquela carruagem onde a paz e o silêncio matinal são quebrados pelo carpido que vem do banco de trás: alguém vai a fazer barulhos com a boca. Aquele tipo de som que se faz quando se mastiga algo que se cola aos dentes, tipo sugos ou caramelos. O enervante cagaçal prossegue e torna-se insuportável. Ponho-me a amaldiçoar o azar de, entre as oito carruagens, entre as suas centenas de bancos, ter escolhido precisamente aquele em que vai alguém atrás a mastigar de boca aberta. Desespero para que chegue a próxima estação, que a carruagem se encha de mais gente, de mais ruminantes se for preciso, mas barulho, ruído que dilua aquele som. O animal, sim, quero querer que se trata de um animal, rumina inconsciente, não se coibindo de ostensivamente mastigar de boca escancarada. Interrogo-me, que tipo de pessoa come caramelos a esta hora da manhã ? É nestes momentos que dou graças a nosso senhor por ele não me ter feito aceitar a proposta que um cigano uma vez me fez numa rua esconsa da baixa de Lisboa. Um revólver a funcionar a 100%, era de um policia, ainda com as balas e tudo, disse ele, que me seria vendido pela quantia de uns meros 100, primeiro, depois 80, e no fim, 50 euros. Não aceitei, ou melhor, o cigano não aceitou a minha proposta de 10 euros, de boa vontade, pois era o que tinha. Se calhar, agradeço então a nosso senhor ter feito com que o cigano não aceitasse. Eu sei que armado seria um verdadeiro perigo. Sinto-me mais seguro e tranquilo se andar desarmado. Agora mesmo, teria sacado do dito revolver e apontado a quem mastiga atrás de mim. Obviamente que dispararia sem a menor hesitação. Penso então a que pensamentos se entregará aquele desprezível ruminante, se eventualmente não lhe causará desconforto sentir alguém à sua frente, tão caladinho, tão compenetrado em pensamentos tão perversos. Imagino-lhe uma fusca no bolso, um revolver, tinha sido ele o transeunte seguinte, naquela tarde também atrás de mim, interpelado numa rua esconsa de Lisboa por um cigano, que lhe teria vendido a pistola do polícia por uns meros 9 euros. Chamem-lhe orgulho cigano, não sei, chamar-lhe-ia desespero, mas podia ter acontecido.
Aguardo apenas mais alguns segundos, até que o comboio pára e a carruagem se enche um pouco mais de passageiros e de musical e aliviante barulho. Acho que a isto se chama tolerância.

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Quando abro a porta e me preparo para entrar, reparo que o carro estacionado ao lado tem um autocolante que diz "Jesus é a minha vida e a Igreja o meu viver." Sinto uma forte náusea e instintivamente uma vontade incontrolável de riscar a porta do carro daquela pobre alma. Com as chaves ainda na mão, olho em redor para me certificar que ninguém vê e quando me preparo para praticar o acto vândalo mas justificado, oiço como que uma voz, algo que me impede de prosseguir, como se alguém me sussurrasse na alma: "Olha que dás cabo da chave com essa brincadeira!!". Acho que foi nosso senhor quem me travou. Agradeço-Lhe.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Sento-me. À minha frente um casal. Ela, boa, está adormecida com a cabeça encostada ao ombro dele que também dorme. Estou à vontade para apreciar toda a beleza da gaja. Percorro demoradamente todos os caminhos do seu rosto. Perco-me nos seus lábios entreabertos. Fixo-me ali, naquela boca inconsciente. Imagino a temperatura daquela língua e como gostaria agora de snifar aquele hálito.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Deixo aqui uma ideia de um site aos webmasters nacionais. Porque não a criação de um site onde pessoas que não tenham nada a perder, vagabundos, indigentes, sem-abrigo, escuteiros, etc., se possam inscrever disponibilizando a sua personalidade jurídica para ajudar o próximo?
Dou um exemplo. Um pacato cidadão, contribuinte correctíssimo, exemplar pai de família, amigo do seu amigo, e, o mais importante, igual a si próprio, certo dia resolve fazer uma inversão de marcha ultrapassando um traço contínuo. Avistado por um zeloso bófia, este tira-lhe meticulosamente a matrícula. Meses mais tarde chega à casa do pacato cidadão a multa em euros, acrescida de inibição de conduzir, pois trata-se de uma contra-ordenação muito grave. A multa ainda se paga, agora o que dói mesmo é ficar sem carta durante uns meses... Como vai ser levar os miúdos à escola ? Como vai ser ter que andar agora de transportes públicos no meio da maralha ? O pacato cidadão recorre então ao site SOSvagabundo.pt onde poderá contratar os serviços de um vagabundo que tenha carta de condução, para que este admita que era ele quem conduzia o veículo infractor, que naquele dia lhe tinha sido emprestado pelo seu grande amigo de longa data, o pacato cidadão. A troco de uma módica quantia, o vagabundo assumiria o papel de infractor, ficando alguns meses sem conduzir, coisa que não lhe faria grande mossa porque não tem carro, enquanto o pacato cidadão poderia continuar com a sua tão valiosa vidinha estúpida.
Pensem nesta ideia malta, que poderá ter aplicabilidade noutras áreas.

terça-feira, 22 de maio de 2007

"O principal herói deste livro é o relacionamento humano. Homens e Mulheres, os nossos contemporâneos, desesperados por terem sido abandonados aos seus próprios sentidos e sentimentos facilmente descartáveis, ansiando pela segurança do convívio e pela mão amiga com que possam contar num momento de aflição, desesperados por 'se relacionarem'. E, no entanto, desconfiados da condição de 'estar ligado', em particular de estar ligado 'permanentemente', para não dizer eternamente, pois temem que tal condição possa trazer encargos e tensões para que eles não se consideram aptos nem estão dispostos a suportar e que podem limitar severamente a liberdade de que necessitam para - sim, o seu palpite está certo - se relacionarem..."
Zygmunt Bauman, ed. Relógio d'Água

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Vou a subir as escadas e toco com o casaco que trago debaixo do braço inadvertidamente na peidola duma gorda que segue é minha frente. Movimento absolutamente involuntário. Ainda assim fico algo receoso, não vá a gorda virar-se. Podia perfeitamente julgar que teria sido de propósito, aquele toque, facilmente confundível com um pequeno apalpão. Mas não. A gorda continua na palheta com a amiga também gorda.
Apercebo-me que, quem gosta do género, peidolas gordas, pode bem dar uso à mãozinha marota de uma forma selectiva. Arriscar, porque, com alguma sorte, as gajas gordas fingem que não foi nada. Mas sugiro alguma cautela. Sugiro um apalpão suave e acariciador, do tipo festa na cabeça de bebé recém-nascido.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Conheço a mulher mais chata do mundo mas que, provavelmente, terá também as melhores mamas do mundo. Estou a ter dificuldades em gerir esta ambiguidade. Se fecharem os olhos e imaginarem uma gaja magra, toda bem feitinha, cintura de vespa, cara mediana, com um belo e bem empinado par de mamas, então estão já a salivar e a conceptualizar a gaja que eu conheço. Mas se as suas mamas desafiam as leis da gravidade, as suas conversas desafiam os limites da paciência humana. No entanto, a expectativa de um dia poder vir ali pôr as manápulas, esse objectivo que persigo obsessivamente, faz-me suportar a provação diária que é ouvir as suas excitantes aventuras, como a de hoje, quando o senhor do autocarro foi muito simpático. Viu-a a correr e parou o autocarro senão ela perdia-o. Depois, quando subiu as escadas, olhou para o motorista e disse-lhe "obrigado". É muita adrenalina!
A pouco e pouco vou tentar cimentar confiança, estreitar laços, criar cumplicidade, fingir-me interessado, achar que é realmente desinteressante ir a uma livraria e folhear livros, abominar borboletas, sentir náuseas só de cheirar ananás, detestar sardinha assada, passar tardes inteirinhas a ler livros do circulo de leitores, sim, vamos ter tanta coisa em comum... Até quão baixo pode um gajo descer por causa dum bom par de mamas… Está a ser um sacrifício demasiado árduo, mas eu sou um homem de fé.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Há pessoas que lhes mete muita impressão ver sangue, outras, ver crianças com fome no Biafra, outras, ver a Teresa Guilherme a fazer papéis dramáticos em telenovelas (por exemplo, um dia destes fiz um zapping e dei com a Teresa Guilherme a chorar agarrada a um padre! já não dormi bem nessa noite.), outras não podem ver ninguém vomitar-lhes à frente. Eu, a coisa que mais me mete impressão, é ver jogadores de bola abraçarem-se uns aos outros quando algum deles marca um golo. Aquela gente deve ser doida, devem-lhes dar qualquer coisa a tomar antes dos jogos! Então, será que não reparam que estão todos suados ? O que vem a ser aquilo afinal ? Todos a suar e a abraçarem-se ?!! Se for um golo logo nos primeiro minutos, tudo bem, ainda não houve tempo de começarem a suar que nem cavalos e portanto admito que possam haver abraços e moshes para festejar um golo. Ainda assim, recomendaria um aceno.
Mas o mais repugnante é ver jogadores trocarem de camisolas no final dos jogos. Aquelas camisolas estão putrefactas, encharcadas de suor. E o suor não é uma coisa nada agradável ao olfacto, muito menos suor alheio. Quando vejo os tipos trocarem e depois até vestirem as peças de roupa sujas uns dos outros, então desligo o televisor. Choca-me, não sei!
Eu, se fosse jogador, gostaria sim senhor de no final de um jogo trocar de camisola com o Cristiano Ronaldo. Mas dizia-lhe para que, quando fosse para casa, a lava-se muito bem com Skip e depois me a envia-se por correio registado. Eu faria o mesmo.

sábado, 12 de maio de 2007

Pessoalmente considero que a melhor maneira de apreciar uma boa peidola, sendo-o apenas com os olhos, é quando ela está dentro da calça de ganga. Que fascínio exercem sobre mim aquelas peidolas. Se há ilusionistas que passam por vidro ou pela grande muralha da china, gostava de ser capaz de comer uma peidola sem que fosse necessário baixar-lhe as calças de ganga. O maior truque de magia de sempre.

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Á minha frente senta-se uma gaja que masca ruidosamente uma pastilha. Como sempre, interpreto a minha indiferença, como se ter ali a poucos centimetros uma gaja boa ou uma velha qualquer fosse tudo igual.
Tento render ao máximo o destak. Tem que dar para toda a viagem. Mas aquele barulhinho, o de uma boca aberta a mastigar ruidosamente pastilha elástica, redobra em mim curiosidade óbvia. Não consigo ficar indiferente aos estalinhos. Vou ter que desviar rapidamente os olhos das letras e satisfazer, feito lambazão, a curiosidade. Ensaio o momento e o prognóstico: trata-se de uma miúda à volta dos seus 16 ou dezassete anos. A ansiedade justifica-se, pois está naquela idade própria imediatamente antes do momento da matança, que pode ser no final de qualquer festa, baile ou viagem de finalista, num qualquer quarto de hotel impessoal em Lloret del Mar.
Surge então o olhar de relance, mais que suficiente, no virar da página do jornal. Faço um rápido scanning à personagem e, surpresa e desilusão! Trata-se de uma gaja velha, de quarenta e tal anos! Não vale a pena perder mais tempo, estar com mais pormenores.
Não me enganei completamente, tem um corpo franzino, de miúda. Uma gaja de 40 e tal com um corpo de teen. É batotice, não conta, não vale! Mas aquele barulho da pastilha ruidosa dentro da boca, aquele esgar nervoso e ostensivo que ela faz a cada mastigadela mostrando os dentes até aos molares, é revelador de uma gaja também ansiosa. Mas uma ansiedade diferente da juvenil vítima da matança! É uma gaja com uma visível patologia grave, um flagelo na sociedade moderna e que devia ser assumido de uma vez por todas pela classe médica: a falta de pau. Basta ouvir a pastilha.

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Gostava de um dia conhecer alguem possuidor de poderes mediunicos ou telepáticos, etc. Acho que a primeira pergunta que lhe faria era se por acaso sabia que pensamento tivera Saddam Hussein imediatamente antes de ser inforcado. Eu quase que aposto que foi “Foda-se que parvo que fui! Porque é que não aproveitei quando a Cicciolina disse que ia para a cama comigo se eu me deixasse de armar em parvo com a comunidade internacional e os curdos e essa seita toda!” Eu teria tido esse pensamento se fosse o Saddam. Mas quer dizer, eu sempre tive um fraquinho pela Cicciolina. Por isso não teria pensado duas vezes antes de aceitar. O Saddam tinha era o cérebro fraquinho. Mas atenção! Tive um fraquinho pela Cicciolina sim senhor, mas, como a foto indica, tive! 1ª pessoa singular do pretérito perfeito indicativo do verbo ter, no passado. Nada de confusões.

segunda-feira, 30 de abril de 2007

Actualmente há quatro coisas que me chateiam solenemente. Ás vezes como compreendo aquele malucos que se põem a gatilhar indiscriminadamente dando origem aos mui televisivos massacres nos EUA.
Ok, quatro coisas, a saber:


1 – Pessoas que dizem ‘bem haja” ou pior, “bem hajam”.
2 – Os passinhos que as velhas dão naquele momento imediatamente antes de porem o pé numa escada rolante.
3 – Pessoas que à sexta feira desejam nos seus blogs bom fim de semana aos outros.
4 – Em vez de ser a boa da sobrinha empregada, dar de caras com a tia-velha, a dona do quiosque onde compro o “24 horas”.

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Dizem os livros de auto-ajuda que deveremos sorrir para os outros e os outros retribuirão o nosso sorriso. Comportamento gera comportamento. Sorri para o mundo e o mundo sorrirá para ti. Tretas!! Quantas e quantas vezes já não ensaiei sorrisos diversos para gajas, esperando obter de retorno um qualquer feedback, um qualquer esgar, por mais ligeiro que seja, que possa denotar qualquer receptividade, o começo de uma interesseira amizade ?... Nada. As gajas simplesmente continuam de trombas só que a olhar para outro lado. De facto só ainda ensaiei sorrisos para gajas com trombas, sempre boas, mas de trombas. Parece-me a mim que serão mais receptivas, estarão fragilizadas, cheias de pensamentos negativos, e o meu sorriso, esta coisa que faço com os lábios, este arreganhar dos músculos faciais, que tanto me custa, lhes trará um raio de luz nas suas cinzentas existências. Mas nada. Como se o sexto sentido das gajas, naquele trombudo estado, estivesse mais apurado que nunca.

terça-feira, 24 de abril de 2007

À minha frente uma gaja mestiça limpa o nariz com o dedo enfiado num lenço. Pausa para verificar o que veio no lenço e nova insistência. Verificação, insistência. É assim durante alguns minutos até que guarda o lenço e saca de um corta unhas. Volta a entreter-se. Ao meu lado um animal, meia idade, cada vez que abre a boca, mais ou menos de estação em estação, faz de corneta, estilo bozina de camião TIR. Na diagonal a acompanhante, uma velha, tipo freira de férias. Adoro estas pessoas que se comportam como se estivessem em casa. Levanto-me. Á minha frente um gajo com um monte de verrugas castanhas encavalitadas na parte de lado do pescoço. Felizmente que tem a cabeça rapada senão nunca poderíamos presenciar aquele espectáculo. No principio do século XX havia quem pagasse para ver algo menos freak. Enojo-me. Viro a cabeça, mas aquela imagem não me sai. Preciso urgentemente de ver uma peidola.

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Avisto uma peidola dentro de umas calças de bombazine castanhas e fico-me por ali, na plataforma. Corre tudo bem, ou seja, a porta do metro pára mesmo em frente, está garantido que entraremos pela mesma porta. Posiciono-me discretamente a cerca de um metro. À minha frente, uma velha faz de fronteira. Durante a entrada, confirma-se, que bela peidola. Mas o azar bate à porta. Ela não fica na zona de entrada, onde a malta está em pé. Encaminha-se para a zona dos lugares sentados e, por incrível que pareça, um gajo engravatado cede-lhe um desses lugar. A velha que estorvava à minha frente faz um movimento brusco e toca-me na zona pélvica. Que nojo!

sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

Brazucofobia

Há uma questão primordial, uma dúvida que muitas vezes assalta o espírito conturbado de um fantasma e que provoca acesas discussões entre os seus amigos imaginários: afinal, qual é o país que tem as gajas mais boas do mundo, assim no geral, tipo, em cada dez, nove são boas e a outra é mesmo muita, muita boa? As opiniões dividem-se. Apesar de nunca qualquer empresa de sondagens se ter debruçado à seria sobre o pertinente assunto, russas, ucranianas, húngaras, suecas, holandesas, inglesas, francesas, espanholas, estão entre as mais mencionadas.
Sobre esta problemática tenho uma máxima: o país com as mulheres mais bonitas do mundo é aquele onde estivermos naquele momento. Daí o constante suplício em que vivemos nos, espíritos lúbricos... Na cidade, na rua, no centro comercial, na discoteca, no quarto, por aí fora, é sempre onde estamos, que estão as mulheres mais bonitas do mundo. Há no entanto uma excepção… Considero que existem inúmeras actrizes de telenovela brasileiras facilmente rotuláveis de ‘gajas boas’. Na minha adolescência, como qualquer adolescente normal da minha escola, apaixonei-me pela distante Sandrinha da minha turma e simultaneamente pela Bruna Lombardi e pela Maitê Proença. Sou daqueles que naturalmente entram em transe quando vêem aqueles corpos anatomicamente arrojados onde se verificou uma mistura geneticamente perfeita entre sangue europeu e sangue índio da amazónia, a sambarem no Carnaval, a rebolarem verticalmente no écran de televisão de uma forma que mais corpo nenhum do mundo consegue rebolar. Considero que a ‘bunda’ brasileira deveria ser considerada património mundial da humanidade. Cheguei a ponderar comprar um bilhete na Varig de ida-e-volta no mesmo dia só para ver o programa de TV da saudosa e iconográfica “Tiazinha”…
Mas a realidade é que a mulher comum brasileira, no geral, é disso que estamos a falar, é feiazita! Eu nunca fui ao Brasil mas faço esta polémica afirmação apoiado nos relatos deprimentes de amigos que já foram e depois vieram desapontados e sem os relógios de pulso. Reforço a tese com a observação minuciosa que tenho efectuado às brasileiras com que amiúde me cruzo no dia-a-dia nas carreiras suburbanas dos transportes públicos.
No entanto, a brazuca comum (‘brazuquis emigrantis’) que facilmente encontramos em Portugal a servir numa qualquer churrascaria ou em qualquer bataclã, não deixa de exercer um enorme fascínio no portuga comum, dado o seu elevado IF (Índice de Fodabilidade). A brazuca compensa o seu visível deficit de beleza e graciosidade com uma elevada IHPC (Incrível Habilidade Perfomática na Cama) e ao mesmo tempo uma impressionante TCN (Ternura Carinhosamente Naif), características aparentemente contraditórias mas que estabelecem um equilíbrio energético nos dois principais chacras do incauto portuga que até então se limitava a acompanhar a sua esposa à missa todos os domingos, aproveitando para deitar timidamente o olho à catequista. Se há portanto coisa de que não se pode acusar o portuga comum, é de só dar valor à beleza exterior. Não senhor, não tem nada a ver com a beleza, nada disso, é algo de mais profundo. Tem mais a ver com aquilo que o corpo da mulher, belo ou não, é indiferente, é capaz de fazer. Para o portuga a beleza não tem rosto, tem corpo e quanto mais funcional melhor. E aqui as brazucas estão como enguias na água, onde a eloquência proverbial também é um dos seus pontos fortes. Atente-se o quão poderosas podem ser as palavras “vem cá meu bem, vem que eu faço um cafuné p´ra oncê” na boca duma brazuca... (trad.: “vinde até mim meu querido, vinde que vos farei uma qualquer sevicia sexual de que tão cedo não vos esquecereis”). Só de pensar causa arrepios.
Não é qualquer mulher que faz um homem. Mas uma brazuca faz-lhe a cabeça, de certeza, e depois faz-se à vida. Pode achar-se caricato o levantamento popular d' “As Mães de Bragança” contra as hordas de brazucas que então infestavam a noite de trás-os-montes, notícia na internacional Times que apontava o ermo local como a nova "Red Light District" europeia. Por umas semanas fomos então o povo mais xenófobo da Europa…
Percebia-se a inquietação daquele mulherio fatela e beato porque de facto muito lar se tem desfeito, muito poder paternal se tem regulado, por culpa das famigeradas brazucas. Conheço pessoalmente um caso. Encontrei o tipo um dia destes no LIDL acompanhado não da mulher e do filho, como já o encontrara varias vezes anteriormente, antes acompanhado da muié e da nova mamãe entretanto mandada vir directamente das profundezas do Ceará. Carregava com uma saca de 20 kilos de comida para cão, ele que sempre odiara cães… Receio que, da próxima vez, o encontre apenas acompanhado do carrinho de compras… e do cão.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

O cego de raiva

Um ceguinho com a sua bengalita de ceguinho na mão, caminha hesitantemente pelo passeio, aproximando-se do rebordo do mesmo, decidido a atravessar para o outro lado da rua. Espera pelo aviso sonoro do sinal verde para peões e com a sua bengalita lá começa a perscrutar caminho livre para avançar em segurança. Sente a presença à sua frente de um automóvel que ali está estacionado e, com a sua bengalita, começa então à cacetada ao capot do carro, enquanto vocifera furioso “estes cabrões estacionam em cima das passadeiras, filhos da puta, é sempre a mesma merda!!!” e por aí fora, chamando a atenção dos outros transeuntes. Um deles aproxima-se, agarra-o pelo braço e calmamente diz-lhe: “espere lá amigo que a passadeira não é aí”, encaminhando-o no bom caminho.A tendência natural das pessoas sem deficiências físicas visíveis é para considerar as outras, denominadas deficientes, como completos coitadinhos, pessoas que além das suas limitações físicas, são igualmente limitados no que toca a sentimentos tão normais como a arrogância e o mau feito. Vêem os deficientes sempre sob uma aureola de sensatez e resignada humildade que, como este episódio verídico atesta, não é verdade. Para mim, que me limitei a observar a cegada, foi uma experiência enriquecedora. Primeiro porque não era o dono do carro que ficou com o capot escavacado, depois porque pude testemunhar in loco um comportamento normalmente irascível que qualquer um pode ter se não estiver nos seus dias, protagonizado por uma pessoa portadora de deficiência física altamente incapacitante como é a cegueira. Qualquer deficiente tem todo o direito de perder as estribeiras, ser uma besta, ficar cego de raiva, como qualquer outro cidadão.