terça-feira, 30 de outubro de 2007

Duas miúdas conversam animadamente. O tema é o wrestling. Uma viu o Raw na sexta à noite. A outra não viu o Raw na sexta à noite mas por seu turno viu o Smackdown no sábado de manhã. Seguem agora pormenores dos combates, que às tantas entrou o Baptista e mais não sei quem. São assim matulonas, mais de 18, seguramente, merecendo claramente a distinção de “já boas para levar com ele”. Lembro-me de um texto publicado no expresso deste fim de semana, onde se fala sobre o que se fala nas revistas femininas, principalmente as especializadas em telenovelas. Numa dessas revistas, publica-se um dicionário de posições e práticas sexuais. Uma delas consiste no seguinte:
Um gajo está a comer uma gaja à canzana e às tantas tira-o para fora e finge que se vem cuspindo-lhe para as costas. Ela, julgando que terminou o coito, vira-se e nessa altura o gajo vem-se-lhe para a cara. A prática tem o nome de “Houdini” numa clara alusão à ilusão em causa e é supostamente popular entre a miudagem.
Não admira que miúdas assim, apaixonadas do Wrestling, inspirem a malta a inventar mais truques de magia assim tão divertidos.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Contaram-me esta anedota. Acho que é a melhor que alguma vez ouvi. Diria que estamos perante uma anedota de antologia que deveria constar nos mais prestigiados livros da especialidade. Passa pelo menos a constar aqui no blog para o prestigiar.


Um tipo que anda a emagrecer de dia para dia resolve ir ao médico para ver o que se passa. O médico, depois de o examinar, informa-o que tem dentro de si uma ténia, é essa a causa da sua galopante magreza. O paciente fica bastante assustado mas o médico sossega-o dizendo-lhe:
- O amigo só tem de todos os dias, depois de chegar a casa do trabalho, fazer uma sandes com chouriço e sentar-se em cima dela.
O tipo assim fez e os resultados começaram a ser visíveis, de dia para dia, ia engordando até que recuperou a sua forma anterior.
Certo dia, satisfeito com o resultado do tratamento, mas farto de fazer sandes de pão com chouriço, e como o chouriço era caro, resolveu diminuir a dosagem, e em vez da sandes completa, eliminou o chouriço e sentou-se em cima apenas do pão.
Passados alguns momentos depois de se ter sentado, sai-lhe a ténia pelo cú e diz:
- Então e o chouriço ?!!!

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Hoje de manhã quando subo em direcção ao trabalho, na entrada de um prédio um sem abrigo dorme profundamente. A cena, inédita naquela rua, impressiona-me. Sem parar, com o olhar percorro todos os pormenores, todos os pertences mais ou menos espalhados ao seu redor. Pouco mais que nada, apenas um cobertor a mais dentro de um saco de plástico. Os metros seguintes são percorridos com lágrimas nos olhos. Não sei se com pena, se com medo. Pena do pobre diabo ou medo de me tornar assim, num sem abrigo porque a minha vida de fantasma parece presa por um fio tão frágil ao qual diariamente faço uma manutenção desesperada, que sinto, a qualquer momento algum pormenor me escapará…
Aproximo-me então do meu quiosque favorito. Já aqui falei na dupla que o habita, da tia e da sobrinha e o quão aprecio e venero esta ultima. Reparei ontem na aliança que trazia no dedo, enquanto falava comigo, de jornais, como de vez em quando e sempre falamos. Passava a mão pela cara, como nunca o fizera, mostrando a novidade, avisando com aquele brilho metálico a estrangular-lhe o dedo. Passei então a conversa dos jornais para as revistas, e pedi-lhe a Maxmen. Porque achei que ela nunca o poderia ter feito, porque sempre a imaginava com rapazinhos conflituosos, relacionamentos fugazes, condenados a viver apenas dias sem a paz que o verdadeiro amor encerra e só alguém que ama verdadeiramente pode experimentar. Decidi tirar um pouco da mascara de rectidão, de subtileza que lhe proporciono sempre. Perguntei-lhe logo quanto era, enquanto remexia já na carteira, para não receber troco, amuado, traído, eu que nunca lhe dou o dinheiro certo, para que sinta sempre o toque dos seus dedos sempre frios… Há alguém que a come, de noite, com todo o tempo da noite, esse tempo eterno. Que inveja, que raiva, que carteira velha tenho. Mostrei-lhe um pouco da minha natureza pervertida, pela primeira vez, uma revista masculina, um cheirinho, que pareceu não surpreender… Disse-me que já não tinha a deste mês, que amanhã, hoje portanto, sairia um novo número e que mo guardaria, a querida, tão querida, tão doce, como ela guarda sempre o “24 horas” à sexta feira. E é hoje, hoje que ela não está. Tento evitar a tia, velha senhora que decerto, sei que sim, já se apercebeu que nunca são as notícias do dia que me interessam. Tento passar ao largo, mas oiço-a, que a minha sobrinha deixou-lhe aqui a revista. Só a revista ? Que me interessa… Ah, é verdade, ia entretido nos meus pensamentos, os olhos ainda mal refeitos, fungo, é da constipação. E quer levar também o livro do Kamasutra ? Olhe são só mais 2 euros! Pode ser, ponha aí tudo dentro de um saco de plástico.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Até um fantasma vai sofrendo os sinais da erosão do tempo. Não é a vida que passa, é mesmo o tempo que vai deixando as suas marcas. Hoje reparei em três dessas marcas, metamorfoses que ainda não tinha reparado terem gradualmente ocorrido em mim. Envelhecer é isto, é reparar nestas coisas, é tomar esta consciência, é não ter mais nada que fazer e assim ter tempo suficiente para estar parado, e reparar nestas coisas e envelhecer.
Primeira constatação: tenho pêlos por cima dos ombros. É patético, é vergonhoso, não está na moda. Não quero acreditar que este verão andei na praia a fazer esta figura, andei com pêlos por cima dos ombros. A coisa está mal semeada porque nunca tive esta tradição, mas salta escandalosamente à vista porque não tenho pêlos nos lados dos ombros. E ali estão aqueles dois tufos, aquelas espécies de divisas com que os anos me galardoaram. Só que em vez de subir, é sempre a descer de patente.
Segunda constatação: Começo a dar mais valor ao corpo do que à cara das gajas. E nunca fui assim. Nunca fui um Turneriano, ideologia que vai buscar às suas origens a esse sex-symbol encantador que povou o imaginário de milhões de adolescentes, que foi Tina Turner. A so called ‘miss hot legs’ era uma quarentona toda boa e enxuta. Pelos quatro cantos da escola elogiavam-se as suas prodigiosas mocas, aquelas pernas impecáveis que dançavam como se tivessem pastilha elástica agarrada aos sapatos de salto alto. A Tina mexia com um gajo adolescente. Mas era igualmente incontornável a sua cara que não se parecia nem ao de leve com nenhuma das nossas colegas. E para mim, uma gaja que não tivesse um rosto sublime ou minimamente parecido com o da Sandrinha da minha turma, não me despertava o menor interesse. Os Turnerianos contrapunham com a solução óbvia: enfiava-se um saco na cabeça e pronto. Hoje, confesso, estou mais perto desta saudável ideologia. Aqui há dias navegava por um site de gajedo que oferece alguns minutos de prazer em troca de dinheiro e onde toda a carne em exibição esconde a sua face num pudor excitante na mesma proporção em que mostra o restante bem torneado produto. Não senti grande curiosidade em saber como seriam as faces daqueles corpos. Antes como seriam aqueles corpos assim mais ao perto. Mas ainda assim, recorrendo à mais alta tecnologia, e porque numa foto uma delas dava a mostrar os lábios, noutra o olho esquerdo, noutra a testa, noutra o olho direito, fiz diversos recortes e consegui completar o puzzle com o rosto completo duma das colaboradoras. Não gostei do que vi, mas de imediato achei que pouco interessava. Não era bonita mas não seria preciso enfiar um saco. O portentoso corpo que exibia relegava para segundo plano o facto de não ser bonita. O triunfo da carne sobre os princípios ? Big deal!
Terceira constatação: Durante anos e anos quando via dois pacotes de leite abertos em cima da bancada da cozinha, nunca conseguia distinguir qual deles estava cheio e qual deles estava vazio. Pegava num copo para o encher e invariavelmente pegava no pacote vazio. Uma metáfora perturbadora sobre as minhas opções de vida, que nunca seriam afinal as correctas. Hoje em dia, e com orgulho o digo, consigo acertar sempre no pacote de leite cheio.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

O meu dia-a-dia é feito de dois pequenos rituais diários que não dispenso. Um desses rituais é o de tentar atropelar logo pela manhãzinha um gajo que anda no meio da estrada a tentar impingir o Global Notícias a mim e aos outros condutores. Como não tenho muito jeito para a coisa e o gajo deve ter um qualquer problema grave de memória, obriga-me a repetir sempre a mesma coisa, que já me entregaram o jornal no cruzamento anterior. Hoje voltei a parar no vermelho e logo o fulano com o seu eterno mau aspecto se abeirou. Tive então a oportunidade de lhe perguntar porque não escolhia outro cruzamento ou então passava a entregar o jornal assim num sítio mais movimentado como na auto-estrada, à saída da ponte. O tipo levou a mal. Espero que amanhã já se lembre de mim.
Outro ritual que não dispenso é a minha visita habitual ao Continente depois de terminada mais uma gloriosa jornada de trabalho. Naturalmente que não vou ali para fazer compras. Os preços são escandalosamente mais caros que no LIDL ou até no Pingo Doce. Têm aquelas tangas dos descontos mas o que está em desconto são sempre merdas que não interessam nem ao menino Jesus. Assim, único motivo de interesse, as gajas que estão espalhadas pelos corredores a darem a provar queijinhos, bolachinhas, chás, enfim, coisinhas que fazem bem ao lanche. Ontem estavam a dar umas fatiazinhas de deliciosas pizas. Fiz várias incursões ao respectivo corredor, ora com o casaco vestido, ora despido, ora aproveitando um maior ajuntamento, para passar despercebido, para não parecer que era o mesmo lambão. Intervalava estas incursões com breves passagens pelo corredor da Compal onde primeiro uma gaja toda boa e depois outra que a substituiu nem por isso, ofereciam aos clientes copinhos com suminho.
Deu para jantar.