terça-feira, 29 de abril de 2008

Ao meu lado seguem duas estudantes universitárias. Malta fresquinha®. A mais feiazinha é quem conduz a conversa, trazendo à baila diversos temas que passam pelo professor que se divorciou, pelo que chega sempre atrasado, continuando numa série de TV onde se vê mesmo uma ténia a mexer, e noutro episódio onde aparece um verme que se alimenta de naftalina. A que se senta mesmo ao meu lado fala com uma suavidade na voz, uma serenidade tão sublimemente feminina, capaz de despertar em mim a libido que em manhãs como esta parece anestesiada. Fiquei acordado até por volta das quatro da manhã, cerca de três horas de sono mal dormido que me lançam para um confortável torpor. Interrogo-me sobre se não estarei viciado neste estado, onde as dores na cabeça e nas articulações ocupam-me demasiado para pensar em seja o que for. Faz-me muito bem não pensar em seja o que for, alheando-me da realidade suburbana que sou forçado a frequentar, concentrando-me apenas nos dramas biológicos do meu corpo. Fazia-me bem enlouquecer. A falta de sono parece sempre encurtar esse caminho por onde de vez em quando me aventuro, mas voltando atrás sempre pelo mesmo trilho.
Agarrado ao telemóvel, como se o Chuzzle, este eterno companheiro de breves e monótonas viagens fosse muito mais importante que as mãos da serena estudante que repousam sobre uns calhamaços de farmácia, vou disfarçando a minha sede, o mau estar que me causa estar a poucos centímetros de um objecto de desejo inalcançável.
À minha frente senta-se agora uma mulher dos seus quarenta e passo os 500 mil pontos. Não me atrai absolutamente nada este tipo de mulher dos seus quarenta, principalmente porque assim que se senta, acto continuo (o momento merece linguagem policial), leva braço à cara e esfrega o nariz com a parte inferior do antebraço nu, deixando eventualmente ali um rasto de muco que me escuso a descrever e ganho uma vida extra.
As mãos de onde sobressaem uma unhas cuidadosamente pintadas de vermelho agarram agora um telemóvel e fico sem saber qual foi o destino do verme. O namorado segue na carruagem seguinte e breves momentos depois, só tempo de mudar de carruagem, não cair à linha e ser trucidado, interrompe a conversa. Ela levanta-se, não se despede da amiga colega e ignora-me por completo, que é naturalmente o que merecem gajos agarrados ao telemóvel a jogar. Ainda vai a passar à minha frente, quando a mão do universitário ocupa esse espaço deliciosamente mágico que cobre a cresta iliaca, por breves segundos exposto a poucos sentimentos das minhas sedentas mandíbulas, roubando-me fracções de segundo de deslumbre. Além dos dedos dos pés, o pneuzinho das mulheres é uma das partes mais menosprezadas da anatonomia feminina… Quanta beleza, quanta ergonomia encerra aquele naco de carne… Novo recorde.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Este post é escrito sob o efeito do alcóol. Apesar de saber que não aprendo nada com aquela malta, mais uma vez cedi aos apelos do outro lado da rua. E agora estou para aqui, na cabeça duma mistura de cinco ou seis carlsberg e uma bifana grelhada com muito picante. No bolso da camisa trago um monte de rótulos, descolados das garrafas, empregnados do cheiro a cerveja, que contêm códigos para serem introduzidos no site da cervejeira, habilitando-nos a bilhetes a jogos do europeu. De resto, apenas algumas constatações. A primeira, já não vou precisar de jantar. A segunda, neste estado em que todos voluntariamente nos pusemos, a mulher deixa de ser mulher para passar a ser única e exclusivamente corpo. E deixar de ser corpo, para passar a ser peidola, é apenas um passo. Terão as mulheres consciência do valor que nós gajos com os copos damos à forma dos seus reais traseiros e principalmente à maneira como se locomovem dentro dumas calças de ganha justas...? Obviamente que si, têm. E ainda bem.