segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Foda, queca, sexo

É uma daquelas histórias com potencial para dar filme porno mas produzido por uma igreja evangélica. Conta-me a tipa, em jeito de aviso à navegação, que o ex-namorado só a beijou na boca mais de dois anos após se conhecerem. E depois desse momento, passaram ainda mais seis meses até que finalmente deram uma queca. Ou “fizemos amor”, como faz ela questão de sublinhar.
Perante a minha admiração, justifica-se com um rol de ideais em que acredita piamente. Sexo só com amor, que não dá o seu corpo a qualquer um, que gosta muito dela, que sempre foi educada assim, que gosta muito de ser como é and so on and so on… Para quem, como eu, espera comê-la esta noite, pode-se calcular o balde de água fria que é. Uma coisa é um gajo ouvir estas coisas quando são só conversa e só tem de afinar um bocadinho melhor a canção do bandido para que elas tenham um ataque de amnésia. Uma coisa é também uma gaja insinuar que nunca faria sexo na primeira noite. Outra é dizer-nos isso na cara, como se, e aí gabo-lhe um qualquer dom que ela tem, fosse capaz de ler e responder aos meus pensamentos. Outra coisa é ainda uma gaja assim, absolutamente convicta e determinada a impedir que, seja quem for, até eu, possa dar-lhe uma queca sem que pelo menos decorra um período equivalente a três ou quatro gravidezes. Ora a palavra de ordem nestes casos é “abortar”. E o aborto nem sequer foi provocado. Foi espontâneo quando ela, comigo curioso a insistir, prosseguiu com a história daquela primeira vez que "fez amor" com aquele ultimo namorado.
A cena passa-se, portanto, passados dois anos desde que se conheceram e mais seis meses desde que se beijaram pela primeira vez. Estão os dois no carro, de noite. O tipo está cheio de tesão e agarra-se à gaja começando a apalpá-la toda. Ela vai mantendo as distancias de segurança, ao que ele se interroga “Como é que consegues resistir ? Eu todas as noites penso em "fazer amor" contigo” (aqui eu interrompi com pena do rapaz, aludindo às centenas de vezes que o tipo esgalhou o bicho à conta da namorada. Já ela afiançou-me que, não é nada dessas coisas(!)…). Ela diz que lhe respondeu que também gostava de "fazer amor" com ele, mas que dentro do carro nunca seria o lugar próprio. Pelo que há já algumas semanas esperava que ele tomasse a iniciativa de a levar para um hotel onde pudessem "fazer amor". Explicou-lhe, a ele, que era uma senhora e que de acordo com os seus princípios, nunca seria ela a tomar tal iniciativa...
Não sei se repararam mas o "fazer amor" aqui nesta história está sempre entre aspas. Na verdade há muito tempo que não ouvia esta expressão, "fazer amor", com a qual discordo total e simplesmente porque considero que o amor não "se faz". Nem se pratica. O que se faz é sexo, ou pratica-se sexo. Quanto ao amor, ama-se. Desculpem mas eu faço uma distinção total entre ambas as coisas. Acho que não podem ser praticadas ao mesmo tempo. Embora seja muito natural e saudável que duas pessoas que se amem, parem de se amar um bocadinho e façam sexo. Mas também é muito saudável e natural que façam sexo duas (ou mais) pessoas que não se amem. Ok, isto dava pano para mangas.
Voltemos à história, na altura em que, o gajo, o namorado, depois de ouvir ela dizer que esperava a sua iniciativa, fez-se-lhe luz e não perdeu mais tempo. Prego a fundo e, mesmo assim, diz-me ela que nunca mais chegavam ao hotel. E que hotel teria sido... Um hotel de charme, um sítio romântico decerto digno da celebração carnal e união espiritual, um hotel de acordo com o momento tão bonito de "fazer amor" que se adivinhava… Eis a descrição: “Era um hotel em que parámos o carro e a entrada para o parque de estacionamento era como se fosse uma portagem. Estava uma rapariga dentro duma cabine que nos indicou qual o quarto. Não foi preciso sairmos do carro, fomos directos para o estacionamento e depois foi só subir para o quarto.” Ora, só conheço um tipo de “hotel” onde a recepcionista está dentro duma cabine à entrada do estacionamento. É mais propriamente um motel e é um lugar onde habitualmente se levam gajas só para “foder” ou "dar uma foda". Repare-se que aqui "fazer uma foda" tem ainda mais lógica que "fazer amor". Já "dar amor" não tem nada a ver com "dar uma foda" ou "dar uma queca" que é no fundo "fazer sexo" também num hotel mas no corredor. Reparem que "foder" também está entre aspas porque é minha convicção que "foder" e "fazer sexo" não é bem bem a mesma coisa. Acho que fazemos sexo com quem amamos, ou pelo menos gostamos. Já "foder", podemos fazê-lo com quem não gostamos ou então simplesmente porque "que se fôda".
No meu imaginário os motéis são sítios de foda. Mas só no meu imaginário e na realidade de muita gente que infelizmente não é a minha. Já os hotéis são para "fazer sexo" embora muita da melhor pornografia que circula na internet tenha sido filmada em quartos de hotel onde se fodeu como se se estivesse num motel.
Voltando à história da gaja que não comi nem muito provavelmente vou comer, para confirmar as minhas suspeitas, inquiri-lhe sobre como era a decoração do quarto do suposto "hotel". A cama redonda, os espelhos no tecto, o varão no centro do quarto e alguma mobília esquisita confirmaram que o gajo a tinha levado para um sítio de foda, um motel portanto. Ora, esta gaja, esta gaja com que eu saio, eu, conta-me toda esta história com um misto de orgulho e indisfarçável dose de masoquismo porque sabe muito bem que não quero outra coisa que seja dar-lhe uma "foda" ou, pelo menos, uma "queca". Resta saber como a história acaba. Digo-lhe que tenho de ir à casa de banho cagar e vou-me embora deixando-a sozinha a comer tremoços porque já vi que daqui não como nada, ou fico para ouvir o resto da história ? É que ainda por cima a esta hora a tipa já perdeu o baton que tinha nos lábios...
Ao que parece, foi efectivamente uma grande foda. Mais uma vez ela faz a apologia da espera. Diz que valeu a pena. O tipo ter-lhe-à dito que se fosse preciso voltava a esperar mais dois anos e meio...
Eu esperei dois dias...não sei se consigo esperar mais meio dia!

sábado, 12 de novembro de 2011

Tiro

Pela primeira vez tenho uma conversa no facebook onde entrou a palavra "reforma". Deiam-me um tiro quando começar a falar de ventosas.

domingo, 6 de novembro de 2011

Pazes

É bonito quando as pessoas fazem as pazes. É portanto conveniente que antes se zanguem.