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quinta-feira, 16 de outubro de 2008
De vez em quando sou confrontado com situações que reforçam em mim a ideia de que além de fantasma, sou um monstro. Uma colega minha que, vá-se lá saber como, consegue ver-me, interrompe o meu trajecto da hora de almoço para me contar uma novidade. Há uma colega nossa que descobriu ter cancro na mama. A notícia é-me transmitida com a solenidade habitual destas circunstâncias e eu tento retribuir com algumas frases igualmente solenes, igualmente adequadas. Mas porque quis deus nosso senhor que naquele momento passassem por nós várias gajas boas que desciam a rua, enquanto mantenho o diálogo em piloto automático, não consigo deixar de olhar fascinado para os seus corpos e acho que simultâneamente não consigo disfarçar um certo cinismo que me aflige... Não sei se a minha interlocutora repara mas suponho que ela já sabe o que a casa gasta. Mesmo na desgraça, por mais dramática que seja, e parece-me que nunca é mais dramática que a minha própria existência, nunca a minha natureza lubrica me dá descanso.
sexta-feira, 6 de junho de 2008
A feira do livro de Lisboa é um lugarzinho inclinado cada vez mais repleto de livros que ninguém quis ou quer ler, entre outros que toda a gente é levada a querer. Este ano há a novidade das novas barracas da Leya, o único motivo de curiosidade que me faz subir a ladeira. Só para chatear, as novas barracas estão mesmo lá no topo. Até lá vou passando pelas antigas, cada uma delas com o habitual goblin no seu interior que nos mira do alto até à cintura, fazendo-nos o favor de nos fazer sentir alguém que pode gamar um livro a qualquer instante caso ninguém esteja a ver. No fundo não os censuro. Rodeados de livros, que mais podem fazer se não ir olhando e imaginar que todos os pelintras que por ali deambulam, não se sabe bem à procura do quê, são delinquentes... Chego então às novas barracas e rapidamente me apercebo que se abriu a caixa de pandora das barracas da feira do livro. A modernidade chegou ao parque! Cada uma das editoras da Leya tem uma barraca com uma rampa de um lado e umas escadas do outro. Os potenciais leitores entram pela rampa para a barraca rodeada de estantes, podendo percorre-las com o seu habitual olhar vazio ou não estejam ali perfiladas as mesmas 20 lombadas do ultimo do Saramago. Ao meio da barraca uma banca com mais livros. Faz-se assim um minicirtcuito dentro da barraca, entrando-se por um lado e saindo-se pelo outro de modo a seguirmos para a próxima barraca. Pega-se no livro que sub-repticiamente nos impingiram e é só dirigir-mo-nos à barraca central que processa as vendas de todas as barracas. Nem parece que estamos na feira do livro, antes no curral do livro. No próximo ano não será de admirar que as outras editoras, que não sejam entretanto compradas pela Leya, queiram também elas próprias ter os seus próprios currais... Ou seja, os descontos que se poderiam esperar nos livros, no futuro serão menores porque as editoras vão empatar dinheiro extra na construção de cada vez mais aprimorados currais. No futuro teremos melhores condições para nos impigirem livros, sem dúvida, livros mais caros. Fica desvirtuado completamente o conceito de feira do livro, que deve ser um sitio ad-lib, sem condições para comprar livros, mas para os descobrir. Se querem condições vão à Fnac!
segunda-feira, 29 de outubro de 2007

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Um tipo que anda a emagrecer de dia para dia resolve ir ao médico para ver o que se passa. O médico, depois de o examinar, informa-o que tem dentro de si uma ténia, é essa a causa da sua galopante magreza. O paciente fica bastante assustado mas o médico sossega-o dizendo-lhe:
- O amigo só tem de todos os dias, depois de chegar a casa do trabalho, fazer uma sandes com chouriço e sentar-se em cima dela.
O tipo assim fez e os resultados começaram a ser visíveis, de dia para dia, ia engordando até que recuperou a sua forma anterior.
Certo dia, satisfeito com o resultado do tratamento, mas farto de fazer sandes de pão com chouriço, e como o chouriço era caro, resolveu diminuir a dosagem, e em vez da sandes completa, eliminou o chouriço e sentou-se em cima apenas do pão.
Passados alguns momentos depois de se ter sentado, sai-lhe a ténia pelo cú e diz:
- Então e o chouriço ?!!!
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sexta-feira, 26 de outubro de 2007
Hoje de manhã quando subo em direcção ao trabalho, na entrada de um prédio um sem abrigo dorme profundamente. A cena, inédita naquela rua, impressiona-me. Sem parar, com o olhar percorro todos os pormenores, todos os pertences mais ou menos espalhados ao seu redor. Pouco mais que nada, apenas um cobertor a mais dentro de um saco de plástico. Os metros seguintes são percorridos com lágrimas nos olhos. Não sei se com pena, se com medo. Pena do pobre diabo ou medo de me tornar assim, num sem abrigo porque a minha vida de fantasma parece presa por um fio tão frágil ao qual diariamente faço uma manutenção desesperada, que sinto, a qualquer momento algum pormenor me escapará…
Aproximo-me então do meu quiosque favorito. Já aqui falei na dupla que o habita, da tia e da sobrinha e o quão aprecio e venero esta ultima. Reparei ontem na aliança que trazia no dedo, enquanto falava comigo, de jornais, como de vez em quando e sempre falamos. Passava a mão pela cara, como nunca o fizera, mostrando a novidade, avisando com aquele brilho metálico a estrangular-lhe o dedo. Passei então a conversa dos jornais para as revistas, e pedi-lhe a Maxmen. Porque achei que ela nunca o poderia ter feito, porque sempre a imaginava com rapazinhos conflituosos, relacionamentos fugazes, condenados a viver apenas dias sem a paz que o verdadeiro amor encerra e só alguém que ama verdadeiramente pode experimentar. Decidi tirar um pouco da mascara de rectidão, de subtileza que lhe proporciono sempre. Perguntei-lhe logo quanto era, enquanto remexia já na carteira, para não receber troco, amuado, traído, eu que nunca lhe dou o dinheiro certo, para que sinta sempre o toque dos seus dedos sempre frios… Há alguém que a come, de noite, com todo o tempo da noite, esse tempo eterno. Que inveja, que raiva, que carteira velha tenho. Mostrei-lhe um pouco da minha natureza pervertida, pela primeira vez, uma revista masculina, um cheirinho, que pareceu não surpreender… Disse-me que já não tinha a deste mês, que amanhã, hoje portanto, sairia um novo número e que mo guardaria, a querida, tão querida, tão doce, como ela guarda sempre o “24 horas” à sexta feira. E é hoje, hoje que ela não está. Tento evitar a tia, velha senhora que decerto, sei que sim, já se apercebeu que nunca são as notícias do dia que me interessam. Tento passar ao largo, mas oiço-a, que a minha sobrinha deixou-lhe aqui a revista. Só a revista ? Que me interessa… Ah, é verdade, ia entretido nos meus pensamentos, os olhos ainda mal refeitos, fungo, é da constipação. E quer levar também o livro do Kamasutra ? Olhe são só mais 2 euros! Pode ser, ponha aí tudo dentro de um saco de plástico.
Aproximo-me então do meu quiosque favorito. Já aqui falei na dupla que o habita, da tia e da sobrinha e o quão aprecio e venero esta ultima. Reparei ontem na aliança que trazia no dedo, enquanto falava comigo, de jornais, como de vez em quando e sempre falamos. Passava a mão pela cara, como nunca o fizera, mostrando a novidade, avisando com aquele brilho metálico a estrangular-lhe o dedo. Passei então a conversa dos jornais para as revistas, e pedi-lhe a Maxmen. Porque achei que ela nunca o poderia ter feito, porque sempre a imaginava com rapazinhos conflituosos, relacionamentos fugazes, condenados a viver apenas dias sem a paz que o verdadeiro amor encerra e só alguém que ama verdadeiramente pode experimentar. Decidi tirar um pouco da mascara de rectidão, de subtileza que lhe proporciono sempre. Perguntei-lhe logo quanto era, enquanto remexia já na carteira, para não receber troco, amuado, traído, eu que nunca lhe dou o dinheiro certo, para que sinta sempre o toque dos seus dedos sempre frios… Há alguém que a come, de noite, com todo o tempo da noite, esse tempo eterno. Que inveja, que raiva, que carteira velha tenho. Mostrei-lhe um pouco da minha natureza pervertida, pela primeira vez, uma revista masculina, um cheirinho, que pareceu não surpreender… Disse-me que já não tinha a deste mês, que amanhã, hoje portanto, sairia um novo número e que mo guardaria, a querida, tão querida, tão doce, como ela guarda sempre o “24 horas” à sexta feira. E é hoje, hoje que ela não está. Tento evitar a tia, velha senhora que decerto, sei que sim, já se apercebeu que nunca são as notícias do dia que me interessam. Tento passar ao largo, mas oiço-a, que a minha sobrinha deixou-lhe aqui a revista. Só a revista ? Que me interessa… Ah, é verdade, ia entretido nos meus pensamentos, os olhos ainda mal refeitos, fungo, é da constipação. E quer levar também o livro do Kamasutra ? Olhe são só mais 2 euros! Pode ser, ponha aí tudo dentro de um saco de plástico.
terça-feira, 25 de setembro de 2007

Duas rodas em cima do alcatrão, outras duas em cima do passeio. O taxista sai a correr depressa na direcção da tasca. O policia vem a andar devagar na direcção do táxi mal estacionado. Alguns minutos depois, a cena previsível e habitual. O taxista gesticula indignado, que “foi só um minuto”, que “anda a trabalhar”, que “não anda a roubar”, que “trabalha no duro”, filhos para sustentar”, que foi só o tempo de um fugaz bagacito. O bófia, com a insensibilidade de um Colina depois de assinalar um penalti inexistente, lá vai passando a multa e entretanto ultrapassa o ponto de não retorno porque há uma turba de curiosos atentos à cena, a impedir qualquer flexibilidade da autoridade, qualquer “vá lá que desta vez passa”. Estão ansiosos por ver lixado mais um taxista, esses gajos que tipicamente “são sempre a mesma merda” e que portanto merecem todas as multas possíveis.
Atente-se neste exemplo, que ilustra bem o circulo vicioso da filha da putice. O bófia foi-o, o taxista há-de o ser para alguém, porque alguém terá de pagar aquela multa. E assim sucessivamente.
Atente-se neste exemplo, que ilustra bem o circulo vicioso da filha da putice. O bófia foi-o, o taxista há-de o ser para alguém, porque alguém terá de pagar aquela multa. E assim sucessivamente.
segunda-feira, 25 de junho de 2007

sábado, 12 de maio de 2007

segunda-feira, 30 de abril de 2007
Actualmente há quatro coisas que me chateiam solenemente. Ás vezes como compreendo aquele malucos que se põem a gatilhar indiscriminadamente dando origem aos mui televisivos massacres nos EUA.
Ok, quatro coisas, a saber:
1 – Pessoas que dizem ‘bem haja” ou pior, “bem hajam”.
2 – Os passinhos que as velhas dão naquele momento imediatamente antes de porem o pé numa escada rolante.
3 – Pessoas que à sexta feira desejam nos seus blogs bom fim de semana aos outros.
4 – Em vez de ser a boa da sobrinha empregada, dar de caras com a tia-velha, a dona do quiosque onde compro o “24 horas”.
Ok, quatro coisas, a saber:
1 – Pessoas que dizem ‘bem haja” ou pior, “bem hajam”.
2 – Os passinhos que as velhas dão naquele momento imediatamente antes de porem o pé numa escada rolante.
3 – Pessoas que à sexta feira desejam nos seus blogs bom fim de semana aos outros.
4 – Em vez de ser a boa da sobrinha empregada, dar de caras com a tia-velha, a dona do quiosque onde compro o “24 horas”.
quinta-feira, 26 de abril de 2007
Dizem os livros de auto-ajuda que deveremos sorrir para os outros e os outros retribuirão o nosso sorriso. Comportamento gera comportamento. Sorri para o mundo e o mundo sorrirá para ti. Tretas!! Quantas e quantas vezes já não ensaiei sorrisos diversos para gajas, esperando obter de retorno um qualquer feedback, um qualquer esgar, por mais ligeiro que seja, que possa denotar qualquer receptividade, o começo de uma interesseira amizade ?... Nada. As gajas simplesmente continuam de trombas só que a olhar para outro lado. De facto só ainda ensaiei sorrisos para gajas com trombas, sempre boas, mas de trombas. Parece-me a mim que serão mais receptivas, estarão fragilizadas, cheias de pensamentos negativos, e o meu sorriso, esta coisa que faço com os lábios, este arreganhar dos músculos faciais, que tanto me custa, lhes trará um raio de luz nas suas cinzentas existências. Mas nada. Como se o sexto sentido das gajas, naquele trombudo estado, estivesse mais apurado que nunca.
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