Sinto forte dependência e instintiva atracção pelo impossível, por tudo o que também instintivamente sinto que jamais poderei alcançar.
Exhibit one: não são raras as vezes que me acontece ter vontade, ficar aflitinho para escrever em locais ou situações onde tal não é possível. Mas depois, au contraire, quando tenho tudo o que preciso para o fazer, quando tenho a possibilidade de concretizar o desejo mesmo ali à frente, a desinspiração instala-se... Andamos desencontrados, eu e o desejo, ele aqui, eu lá, ou então ele lá, a maior parte das vezes, e eu em lado nenhum.
Nunca estou no momento, antes, sempre no momento seguinte. O pensamento sobrepõe-se sempre, mais rápido, mais forte que a realidade. Habito um presente onde sou um anacronismo, onde nunca estou verdadeiramente presente a não ser em pensamento, onde sou a ficção de mim próprio, condenado pela impossibilidade de ser.
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segunda-feira, 14 de julho de 2008
sexta-feira, 26 de janeiro de 2007
Brazucofobia
Há uma questão primordial, uma dúvida que muitas vezes assalta o espírito conturbado de um fantasma e que provoca acesas discussões entre os seus amigos imaginários: afinal, qual é o país que tem as gajas mais boas do mundo, assim no geral, tipo, em cada dez, nove são boas e a outra é mesmo muita, muita boa? As opiniões dividem-se. Apesar de nunca qualquer empresa de sondagens se ter debruçado à seria sobre o pertinente assunto, russas, ucranianas, húngaras, suecas, holandesas, inglesas, francesas, espanholas, estão entre as mais mencionadas.
Sobre esta problemática tenho uma máxima: o país com as mulheres mais bonitas do mundo é aquele onde estivermos naquele momento. Daí o constante suplício em que vivemos nos, espíritos lúbricos... Na cidade, na rua, no centro comercial, na discoteca, no quarto, por aí fora, é sempre onde estamos, que estão as mulheres mais bonitas do mundo. Há no entanto uma excepção… Considero que existem inúmeras actrizes de telenovela brasileiras facilmente rotuláveis de ‘gajas boas’. Na minha adolescência, como qualquer adolescente normal da minha escola, apaixonei-me pela distante Sandrinha da minha turma e simultaneamente pela Bruna Lombardi e pela Maitê Proença. Sou daqueles que naturalmente entram em transe quando vêem aqueles corpos anatomicamente arrojados onde se verificou uma mistura geneticamente perfeita entre sangue europeu e sangue índio da amazónia, a sambarem no Carnaval, a rebolarem verticalmente no écran de televisão de uma forma que mais corpo nenhum do mundo consegue rebolar. Considero que a ‘bunda’ brasileira deveria ser considerada património mundial da humanidade. Cheguei a ponderar comprar um bilhete na Varig de ida-e-volta no mesmo dia só para ver o programa de TV da saudosa e iconográfica “Tiazinha”…
Mas a realidade é que a mulher comum brasileira, no geral, é disso que estamos a falar, é feiazita! Eu nunca fui ao Brasil mas faço esta polémica afirmação apoiado nos relatos deprimentes de amigos que já foram e depois vieram desapontados e sem os relógios de pulso. Reforço a tese com a observação minuciosa que tenho efectuado às brasileiras com que amiúde me cruzo no dia-a-dia nas carreiras suburbanas dos transportes públicos.
No entanto, a brazuca comum (‘brazuquis emigrantis’) que facilmente encontramos em Portugal a servir numa qualquer churrascaria ou em qualquer bataclã, não deixa de exercer um enorme fascínio no portuga comum, dado o seu elevado IF (Índice de Fodabilidade). A brazuca compensa o seu visível deficit de beleza e graciosidade com uma elevada IHPC (Incrível Habilidade Perfomática na Cama) e ao mesmo tempo uma impressionante TCN (Ternura Carinhosamente Naif), características aparentemente contraditórias mas que estabelecem um equilíbrio energético nos dois principais chacras do incauto portuga que até então se limitava a acompanhar a sua esposa à missa todos os domingos, aproveitando para deitar timidamente o olho à catequista. Se há portanto coisa de que não se pode acusar o portuga comum, é de só dar valor à beleza exterior. Não senhor, não tem nada a ver com a beleza, nada disso, é algo de mais profundo. Tem mais a ver com aquilo que o corpo da mulher, belo ou não, é indiferente, é capaz de fazer. Para o portuga a beleza não tem rosto, tem corpo e quanto mais funcional melhor. E aqui as brazucas estão como enguias na água, onde a eloquência proverbial também é um dos seus pontos fortes. Atente-se o quão poderosas podem ser as palavras “vem cá meu bem, vem que eu faço um cafuné p´ra oncê” na boca duma brazuca... (trad.: “vinde até mim meu querido, vinde que vos farei uma qualquer sevicia sexual de que tão cedo não vos esquecereis”). Só de pensar causa arrepios.
Não é qualquer mulher que faz um homem. Mas uma brazuca faz-lhe a cabeça, de certeza, e depois faz-se à vida. Pode achar-se caricato o levantamento popular d' “As Mães de Bragança” contra as hordas de brazucas que então infestavam a noite de trás-os-montes, notícia na internacional Times que apontava o ermo local como a nova "Red Light District" europeia. Por umas semanas fomos então o povo mais xenófobo da Europa…
Percebia-se a inquietação daquele mulherio fatela e beato porque de facto muito lar se tem desfeito, muito poder paternal se tem regulado, por culpa das famigeradas brazucas. Conheço pessoalmente um caso. Encontrei o tipo um dia destes no LIDL acompanhado não da mulher e do filho, como já o encontrara varias vezes anteriormente, antes acompanhado da muié e da nova mamãe entretanto mandada vir directamente das profundezas do Ceará. Carregava com uma saca de 20 kilos de comida para cão, ele que sempre odiara cães… Receio que, da próxima vez, o encontre apenas acompanhado do carrinho de compras… e do cão.
Sobre esta problemática tenho uma máxima: o país com as mulheres mais bonitas do mundo é aquele onde estivermos naquele momento. Daí o constante suplício em que vivemos nos, espíritos lúbricos... Na cidade, na rua, no centro comercial, na discoteca, no quarto, por aí fora, é sempre onde estamos, que estão as mulheres mais bonitas do mundo. Há no entanto uma excepção… Considero que existem inúmeras actrizes de telenovela brasileiras facilmente rotuláveis de ‘gajas boas’. Na minha adolescência, como qualquer adolescente normal da minha escola, apaixonei-me pela distante Sandrinha da minha turma e simultaneamente pela Bruna Lombardi e pela Maitê Proença. Sou daqueles que naturalmente entram em transe quando vêem aqueles corpos anatomicamente arrojados onde se verificou uma mistura geneticamente perfeita entre sangue europeu e sangue índio da amazónia, a sambarem no Carnaval, a rebolarem verticalmente no écran de televisão de uma forma que mais corpo nenhum do mundo consegue rebolar. Considero que a ‘bunda’ brasileira deveria ser considerada património mundial da humanidade. Cheguei a ponderar comprar um bilhete na Varig de ida-e-volta no mesmo dia só para ver o programa de TV da saudosa e iconográfica “Tiazinha”…
Mas a realidade é que a mulher comum brasileira, no geral, é disso que estamos a falar, é feiazita! Eu nunca fui ao Brasil mas faço esta polémica afirmação apoiado nos relatos deprimentes de amigos que já foram e depois vieram desapontados e sem os relógios de pulso. Reforço a tese com a observação minuciosa que tenho efectuado às brasileiras com que amiúde me cruzo no dia-a-dia nas carreiras suburbanas dos transportes públicos.
No entanto, a brazuca comum (‘brazuquis emigrantis’) que facilmente encontramos em Portugal a servir numa qualquer churrascaria ou em qualquer bataclã, não deixa de exercer um enorme fascínio no portuga comum, dado o seu elevado IF (Índice de Fodabilidade). A brazuca compensa o seu visível deficit de beleza e graciosidade com uma elevada IHPC (Incrível Habilidade Perfomática na Cama) e ao mesmo tempo uma impressionante TCN (Ternura Carinhosamente Naif), características aparentemente contraditórias mas que estabelecem um equilíbrio energético nos dois principais chacras do incauto portuga que até então se limitava a acompanhar a sua esposa à missa todos os domingos, aproveitando para deitar timidamente o olho à catequista. Se há portanto coisa de que não se pode acusar o portuga comum, é de só dar valor à beleza exterior. Não senhor, não tem nada a ver com a beleza, nada disso, é algo de mais profundo. Tem mais a ver com aquilo que o corpo da mulher, belo ou não, é indiferente, é capaz de fazer. Para o portuga a beleza não tem rosto, tem corpo e quanto mais funcional melhor. E aqui as brazucas estão como enguias na água, onde a eloquência proverbial também é um dos seus pontos fortes. Atente-se o quão poderosas podem ser as palavras “vem cá meu bem, vem que eu faço um cafuné p´ra oncê” na boca duma brazuca... (trad.: “vinde até mim meu querido, vinde que vos farei uma qualquer sevicia sexual de que tão cedo não vos esquecereis”). Só de pensar causa arrepios.
Não é qualquer mulher que faz um homem. Mas uma brazuca faz-lhe a cabeça, de certeza, e depois faz-se à vida. Pode achar-se caricato o levantamento popular d' “As Mães de Bragança” contra as hordas de brazucas que então infestavam a noite de trás-os-montes, notícia na internacional Times que apontava o ermo local como a nova "Red Light District" europeia. Por umas semanas fomos então o povo mais xenófobo da Europa…
Percebia-se a inquietação daquele mulherio fatela e beato porque de facto muito lar se tem desfeito, muito poder paternal se tem regulado, por culpa das famigeradas brazucas. Conheço pessoalmente um caso. Encontrei o tipo um dia destes no LIDL acompanhado não da mulher e do filho, como já o encontrara varias vezes anteriormente, antes acompanhado da muié e da nova mamãe entretanto mandada vir directamente das profundezas do Ceará. Carregava com uma saca de 20 kilos de comida para cão, ele que sempre odiara cães… Receio que, da próxima vez, o encontre apenas acompanhado do carrinho de compras… e do cão.
quinta-feira, 11 de janeiro de 2007
O cego de raiva
Um ceguinho com a sua bengalita de ceguinho na mão, caminha hesitantemente pelo passeio, aproximando-se do rebordo do mesmo, decidido a atravessar para o outro lado da rua. Espera pelo aviso sonoro do sinal verde para peões e com a sua bengalita lá começa a perscrutar caminho livre para avançar em segurança. Sente a presença à sua frente de um automóvel que ali está estacionado e, com a sua bengalita, começa então à cacetada ao capot do carro, enquanto vocifera furioso “estes cabrões estacionam em cima das passadeiras, filhos da puta, é sempre a mesma merda!!!” e por aí fora, chamando a atenção dos outros transeuntes. Um deles aproxima-se, agarra-o pelo braço e calmamente diz-lhe: “espere lá amigo que a passadeira não é aí”, encaminhando-o no bom caminho.A tendência natural das pessoas sem deficiências físicas visíveis é para considerar as outras, denominadas deficientes, como completos coitadinhos, pessoas que além das suas limitações físicas, são igualmente limitados no que toca a sentimentos tão normais como a arrogância e o mau feito. Vêem os deficientes sempre sob uma aureola de sensatez e resignada humildade que, como este episódio verídico atesta, não é verdade. Para mim, que me limitei a observar a cegada, foi uma experiência enriquecedora. Primeiro porque não era o dono do carro que ficou com o capot escavacado, depois porque pude testemunhar in loco um comportamento normalmente irascível que qualquer um pode ter se não estiver nos seus dias, protagonizado por uma pessoa portadora de deficiência física altamente incapacitante como é a cegueira. Qualquer deficiente tem todo o direito de perder as estribeiras, ser uma besta, ficar cego de raiva, como qualquer outro cidadão.
sexta-feira, 15 de dezembro de 2006
Gloriosa Parvoice
Parece que todas as gerações têm o seu filme imbecil que supostamente explora as reacções menos inteligentes dos figurantes. Eu gramei “Os Deuses Devem estar Loucos”. Agora renova-se a tradição do ‘filme de apanhados’ com o estupidamente correcto “Borat: Aprender Cultura da America Para Fazer Benefício Glorioso à Nação do Cazaquistão”. Mal montado, mal encenado, sem graça, sem a espontaneidade e a irreverência de Aly G, autêntico lixo cujo êxito de bilheteira só poderá ser explicado pela gigantesca operação de propaganda montada ao redor do lançamento e da suposta polémica que o filme tem causado. Um ultraje, não aos americanos, mas ao bom gosto. Borat go home!
domingo, 26 de novembro de 2006
Rebelião
Não ando a dormir bem. Aponto causas genéticas. Nunca nenhum dos meus antepassados foi funcionário público. Sou o primeiro a degenar e agora sinto a revolta do corpo, a incompatibilidade do meu caótico ser espiritual e orgânico com a exemplaridade que a causa pública exige. Todos os meus avôs paternos e maternos foram negociantes de qualquer coisa, entregues a si próprios, às suas capacidades de improvisar a vida e alcançar o lucro. O meu avô paterno tinha uma exploração de suinicultura. Imagino a inconstância dos seus emocionantes dias: ontem um excelente negócio com a compra de uma vara, hoje outro com a venda de duas. Ontem um porco com peste suína, hoje a visita da veterinária boazona. E amanhã mais uma gloriosa matança. E o meu pai, terrorista nos tempos livres, saiu aos seus. Tinha uma mercearia colada com uma taberna, um homem para dois balcões, era obra! E agora eu, séculos e séculos de apuramento genético jogado à repartição pública, gerações e gerações de negociantes com habilidades secretas para se desenrascarem de horários e carimbos, até surgir eu, funcionário público, entregue vergonhosa e obrigatoriamente a um processo diário de desi-existência feito de rotinas incontornáveis que paulatinamente o dever, a hipoteca, as prestações, me obrigam a cumprir. Mas o corpo revolta-se, sinto-o instável, castiga-me, por enquanto não me deixa dormir, não sei o que virá a seguir às provações físicas que me inflige. O sacana aproveita a menor aragem fria dos corredores do metro para me fazer espirrar e pôr-me com frio o resto do dia. Aproveita qualquer pingo de chuva fria para me pôr a correr na direcção da farmácia mais próxima. Sofro de alergia crónica ao pó da cidade, ao escape dos autocarros, ao ar saturado do comboio em hora de ponta, alergia à realidade a que me fui entregando enquanto dela cada vez mais o corpo se quer rebelar. É certo que sinto o apelo pelo negócio, mas é uma certeza a minha absoluta falta de faro para grandes jogadas. Com a minha idade o meu pai já tinha tido um descapotável, dormido no Sheraton de Londres e assaltado um carro em Paris apenas para não passar a noite ao relento. Eu, amanhão, com sorte, se me conseguir lembrar a que horas passa o comboio, se ficar bem colocado na plataforma, mesmo num sitio onde a porta se abra e eu seja um dos primeiros a entrar, conseguirei um lugar sentado.
domingo, 28 de maio de 2006
Turisticonsumo
(da série ‘palavras que deviam existir’)
Andamos enganados acerca da sempre adiada viagem das nossas vidas. Andamos entretidos a sonhar com esses destinos de férias pret-a-porter formatados à medida dos sonhos bem comportados, daqueles ilustrados nos outdoors e nas montras das agências. Aquele mar azul ao mesmo tempo cálido e transparente, a areia branca que ao mesmo tempo não fica teimosamente entre os dedos dos pés, as palmeiras ao mesmo tempo frondosas cuja sombra nos protege do sol ao mesmo tempo inofensivo para a pele, e a companhia da mulher dos nossos sonhos, aquela ao mesmo tempo loura de biquini no cartaz… Tudo isto é entediante e ao mesmo tempo tudo isto é alucinante.
O que conta não é o prazer da viagem em si, a continuidade inerente à viagem de A a B. O que interessa é a finalidade, o que conta é o destino, o paraíso a prazo, a ostensiva pensão completa, encher os cartões de memória das máquinas e esvaziar depois à chegada as recordações empoladas aos proximos visitantes da agência de viagem. O que vale é a fartura de não sairmos do mesmo lugar emocional, empanturrados de extras num local completamente efémero mas com juros eternos.
A volta ao mundo nada significa quando comparada com a volta à vida que em vez de financiamento a crédito pede coragem a pronto. Estranho consumismo turístico o dos nossos dias, quando a grande viagem pode-nos sair de borla... O mais extraordinário dos destinos pode muito bem estar já ali ao virar da rua, na grande viagem ao quiosque da esquina, ou, por exemplo, ao Beco dos Toucinheiros, amanhã quando subirmos a rua, viagem épica onde um dia, tudo pode acontecer.
Andamos enganados acerca da sempre adiada viagem das nossas vidas. Andamos entretidos a sonhar com esses destinos de férias pret-a-porter formatados à medida dos sonhos bem comportados, daqueles ilustrados nos outdoors e nas montras das agências. Aquele mar azul ao mesmo tempo cálido e transparente, a areia branca que ao mesmo tempo não fica teimosamente entre os dedos dos pés, as palmeiras ao mesmo tempo frondosas cuja sombra nos protege do sol ao mesmo tempo inofensivo para a pele, e a companhia da mulher dos nossos sonhos, aquela ao mesmo tempo loura de biquini no cartaz… Tudo isto é entediante e ao mesmo tempo tudo isto é alucinante.
O que conta não é o prazer da viagem em si, a continuidade inerente à viagem de A a B. O que interessa é a finalidade, o que conta é o destino, o paraíso a prazo, a ostensiva pensão completa, encher os cartões de memória das máquinas e esvaziar depois à chegada as recordações empoladas aos proximos visitantes da agência de viagem. O que vale é a fartura de não sairmos do mesmo lugar emocional, empanturrados de extras num local completamente efémero mas com juros eternos.
A volta ao mundo nada significa quando comparada com a volta à vida que em vez de financiamento a crédito pede coragem a pronto. Estranho consumismo turístico o dos nossos dias, quando a grande viagem pode-nos sair de borla... O mais extraordinário dos destinos pode muito bem estar já ali ao virar da rua, na grande viagem ao quiosque da esquina, ou, por exemplo, ao Beco dos Toucinheiros, amanhã quando subirmos a rua, viagem épica onde um dia, tudo pode acontecer.
segunda-feira, 22 de maio de 2006
Teorias da conspiração
I - Os morangos com açúcar, as telenovelas da SIC, os passatempos do canal 1, o lixo generalizado das televisões generalistas, é estrategicamente depositado à hora a que um individuo chega a casa depois de mais um interminável dia de trabalho. A intenção é criar no individuo que chega a casa depois de mais um interminável dia do trabalho o desejo de emigrar para um país qualquer onde não se sinta tanto um individuo que chega a casa depois de mais um interminável dia de trabalho.
II - O esganiçamento com que os defensores da penalização do aborto esgrimem os seus argumentos válidos, deixa transparecer um complexo, um medo latente e reprimido. Causa-lhes desconforto imaginarem que poderiam ter sido eles, os nados abatidos, os abortos consumados. Nunca teriam portanto a oportunidade de estarem agora contra o aborto. Os outros fundamentalistas que pelo contrário esganiçadamente defendem o aborto, defendem-no assim porque sentem que se teria poupado muito trabalho, não teriam de estar agora para ali a ganir argumentos válidos.
III - No metro há pessoas contratadas pelos principais fabricantes de leitores de MP3 para terem diálogos como o que segue:
- O teu deixa-te corta-lhe as unhas ?
- Sim.
- O meu não!...
- Com ele não tenho problemas.
- Mas tu com o teu podes fazer o que quiseres, ele ainda é pequeno.
- Não tão pequeno quanto isso.
- Mas é mais pequeno que o meu.
- És um totó!
- Ah, ah, ah, ah…
IV - Há pessoas perdidas por toda a parte que estão absolutamente convencidas que, ao contrário da morte, conseguirão ir ao encontro do amor mais que uma vez na vida.
II - O esganiçamento com que os defensores da penalização do aborto esgrimem os seus argumentos válidos, deixa transparecer um complexo, um medo latente e reprimido. Causa-lhes desconforto imaginarem que poderiam ter sido eles, os nados abatidos, os abortos consumados. Nunca teriam portanto a oportunidade de estarem agora contra o aborto. Os outros fundamentalistas que pelo contrário esganiçadamente defendem o aborto, defendem-no assim porque sentem que se teria poupado muito trabalho, não teriam de estar agora para ali a ganir argumentos válidos.
III - No metro há pessoas contratadas pelos principais fabricantes de leitores de MP3 para terem diálogos como o que segue:
- O teu deixa-te corta-lhe as unhas ?
- Sim.
- O meu não!...
- Com ele não tenho problemas.
- Mas tu com o teu podes fazer o que quiseres, ele ainda é pequeno.
- Não tão pequeno quanto isso.
- Mas é mais pequeno que o meu.
- És um totó!
- Ah, ah, ah, ah…
IV - Há pessoas perdidas por toda a parte que estão absolutamente convencidas que, ao contrário da morte, conseguirão ir ao encontro do amor mais que uma vez na vida.
quarta-feira, 12 de março de 2003
Languidez
Qualquer cidadão decente tem que por esta altura andar minimamente obcecado com o IRS. Aliás, a obsessão deve começar muito antes, mesmo antes do Natal, a altura do bombardeamento dos PPR’s. Não há canal que se mude, não há pagina de jornal que se vire, que não tenha lá enfiada publicidade dos bancos e seguradoras, os mensageiros que anunciam para breve a chegada do messias da desgraça. O instinto leva qualquer um a pedir ao amigo que percebe de informática ou ao primo dele que trabalha nas finanças, que lhe arranjem a disquete mais desejada do ano com o programa de simulação, esse oráculo que permite saber o futuro com uma precisão até ao cêntimo.Por esta altura, a poucos dias do termo do prazo para entrega dos números do ano passado, não há cidadão que não faça simulações, não vasculhe entre as entrelinhas dos códigos, não há ninguém que não se lance em busca da factura perdida e todas as artimanhas possíveis.Precisamente nesta altura, em que me encontro em falência técnica, mais do que nunca, deveria ser bom cidadão, juntar-me à prole, e apaixonadamente discutir a táctica e a estratégia do IRS deste ano. Mas tal não acontece e deixo-me arrastar nesta languidez irresponsável até ás ultimas horas do ultimo dia, sem facturas, sem truques nem dicas, meia dúzia de números apenas que nem sei onde os encaixar. Sabe-se lá, que fortuna não estarei eu a perder vitima de mim próprio.
segunda-feira, 3 de março de 2003
Mais depressa que eu
Nunca me dei bem com o efémero. Nunca achei piada oferecer a alguém um ramo de flores sabendo que passados uns dias elas vão esmorecer e morrer mais depressa que eu.
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