sexta-feira, 28 de março de 2008

Aluna típica da Carolina MichaelisNo YouTube é possível verificar com toda a certeza que a cena da escola Carolina Michaelis não se passou de facto entre duas alunas naquela guerrinha teimosa de "dá cá o meu telemóvel!" vs. "não dou!". Era uma dúvida que eu tinha. Poderia aquele patético episódio ser uma qualquer encenação, tipo Carolina Michaelis Project destinada exclusivamente aos consumidores do YouTube. Mas não, ao contrário do que circulou pelos telejornais, ali podemos ver as caras dos intervenientes e portanto confirmar que as adversárias são uma aluna e uma professora que se degladiam ferozmente pela posse de um telemóvel.
Ao contrário do que se diz, não se vê qualquer agressão. Nem sequer são proferidas palavras injuriosas. Terminado o episódio, a professora reflectiu certamente sobre o sucedido, tendo chegado à conclusão que não deveria ter tomado a atitude que tomou ao retirar à força e sem consentimento da aluna, um objecto tão pessoal como é um telemóvel, onde se guardam mensagens e pensamentos, texto e imagens pessoais e que constituem informação intima. Aliás o comportamento histérico da aluna é bem revelador da importância e dos segredos que aquele telemóvel devia conter...
O assunto iria ficar no esquecimento, não fossem as imagens da agressão que nunca existiu. Mas como toda a gente diz que existiu, a professora vai então agora, finalmente, apresentar processos contra toda a turma, actores, figurantes, equipa técnica e realizador, tendo como testemunhas o bando dos mesmos moralistas que são os primeiros a dizer que "as crianças são a melhor coisa do mundo" para depois as quererem crucificar quando começam a ganhar pintelho.
A única coisa que foi brutalizada naquela sala de aula foi o telemóvel.

terça-feira, 25 de março de 2008

Vou à missa. Sempre foi sítio onde nunca me senti assim muito à vontade. Nunca me dei bem com a solenidade do evento que obedece a um determinado número de rituais que dada a minha natureza desprovida de qualquer tipo de espiritualidade, nunca compreendi nem assimilei. Deus Nosso Senhor não quis que eu nascesse com o gosto pela missa, por esta estranha ginástica que aqui se pratica: ora estar de pé, ora sentado, ora fazendo gestos com as mãos ao mesmo tempo que as outras pessoas, ora repetindo ladainhas ao mesmo tempo que toda a gente, enquanto se mantém o cérebro adormecido, numa espécie de stand-by, embalado nas prédicas do padre.
Vou a esta missa porque me dizem ser uma missa diferente, que valerá a pena ouvir as vozes virginais das freiras entoarem cânticos celestiais, que me irão transportar para um estado de paz e harmonia que bem preciso, desgraçado! Obviamente que estão errados. Não há nada que traga paz e harmonia a um fantasma. Não há forma nem acontecimento que pare a lúbrica engrenagem do meu pensamento.
O local é um convento, algo secreto, algo esquecido, onde uma dúzia de freiras isoladas do mundo, duma certa realidade, não falam com ninguém exceptuando nestes Domingos, onde apenas abrem as suas tépidas bocas para cantar e recitar a bíblia. Nos restantes dias dedicam-se à contemplação e a cuidar de ovelhas. Como as freiras sempre fizeram parte do meu imaginário erótico, achei que seria boa ideia ir a esta missa.
Na pequena capela são mais as freiras que os assistentes. Além de mim, o único gajo presente está sentado no banco da frente abraçado a uma gaja. Aquele tipo de abraço que encontramos nos quadros de arte sacra da idade média. Ela pousa suavemente a cabeça no seu ombro, ele pousa delicadamente a sua sobre a cabeça dela, e adoptam sempre esta posição cada vez que se sentam, estando de mão dada, sempre suave e delicadamente, quando estão de pé.
Há vários momentos que retenho e que precedem a minha saída a meio da cerimónia porque de facto esta experiência conceptual está a ficar chata. Rapidamente a admiração e a novidade se esvaem na monotonia da liturgia onde nenhum dos protagonistas jamais olha para o outro. Falo do padre, das freiras, do rebanho, que a todo o momento se parecem ignorar, como se não existissem... Fantasmagórico, diria.
Um desses momentos é quando a certa altura o padre tem na mão um ramo de uma planta qualquer e se dirige a cada uma das freiras, acenando o ramo, assim do tipo pequena vergastada na cabeça. Não lhes toca, apenas ensaia o gesto e depois dirige-se à assistência e faz o mesmo gesto assim para o geral, tipo chibatada. Nesse momento toda a gente baixa a cabeça, amocham assim do género “ai vergasta-me que eu mereço”, e eu, apanhado de surpresa, sou o único que mantém a cabeça erguida sendo alvo imediato da atenção do padre que antes de voltar costas me olha surpreso como que a pensar “quem é aquele filho da puta que não amochou ?!”. Terá sido a única vez que o padre olhou directamente para alguém da assistência, do rebanho, e reparou nesta ovelha negra.
Um segundo momento acontece quando a certa altura toda a gente está sentada e faz-se silencio. Quando dou por mim reparo que mais uma vez todos amocharam. Parecem entregues a um qualquer estado meditativo que não consigo alcançar. Limito-me a observa-los, a observar as curvas que as gotas da chuva fazem na vidraça da janela, a verificar que não há ninguém, uma freira sequer a espreitar pelo canto do olho. Aproveito eu para escrutinar se há por ali beleza naqueles rostos, nas formas debaixo das vestes negras… A maior parte delas fazem-me lembrar a Irmã Lúcia. Acredito que assim como há putos que queiram ser e parecer com o Cristiano Ronaldo, as freiras deste convento também têm o seu modelo.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Foto da Scarlett Johanssen a beijar a Natalie Portman deixando todos completamente tresloucados de desejo.Este fim de semana a revista do Expresso fez capa com o tema da fufaria em Portugal. Aparecem gajas de várias idades, cara destapada, uma locutora da televisão e empresárias, uma delas a fumar charuto, como um homem, de modo a que não tenhamos dúvidas que estamos perante lésbicas… Nada a opor e até compreendo o fenómeno que acredito tenha ganhado novo fôlego com a exibição da série “The L Word”. E ganhou agora definitivamente mais respeitabilidade pelo menos entre os nativos consumidores do Expresso.
No que me diz respeito, se fosse gaja, era fufa de certeza absoluta. Não sei até como não está mais propagado o safismo… Uma mulher normal está incomparavelmente mais perto de uma Scarlett Johanssen ou duma Natalie Portman que um gajo normal estará de um George Clooney ou do “Malboro man”. É pois compreensível a desolação feminina e a procura da beleza e do prazer por outras bandas. O homem corrente está muito mais longe do homem ideal, que elas estão para o ideal do homem corrente, que é já ali, ou seja, que não tem ideais. Uma ida ao cabeleireiro, uma maquilhagem, uma mini-saia, umas calças de ganga justas da Salsa, um cinto de ligas, e tantos outros truques, podem fazem milagres pela beleza duma mulher e a libido de um homem, bicho mais visual, mais imediato, logo, menos exigente.
É normal que elas não tenham pachorra para aturar os machismos, o sabor a cerveja e a tremoço na boca, os cabelos nos lençois, a ausência de preliminares, os fanatismos pela bola, carros e gajas, e as ejaculações precoces da malta. Tudo coisas que uma fufa não encontra na sua gaja. É compreensível a angustia feminina e o desejo de descobrir novas formas de prazer sem contra-indicações. Toda a racionalidade joga contra nós, feios, porcos, maus e normais, e chegará o dia em que só personalidades femininas desviantes, porventura caracterizadas por um qualquer resquício de animalidade, ainda gostem de “levar com ele”. Até esteticamente falando, é muito bonito ver duas mulheres beijarem-se na boca. Se forem visíveis as suas línguas deixa de ser bonito para passar a ser excitante e dá mesmo vontade de meter lá a nossa também. Duvido que as mulheres sintam tanto deleite a ver dois gajos beijarem-se como nós sentimos a vê-las a elas.
É só vantagens. Acho que temos muito a aprender com as mulheres…as fufas, obviamente.
Foto do George Clooney a ser beijado por um gajo qualquer. Veja-se o teor repugnante da cena bem patente no esgar agoniado do George.