Duas rodas em cima do alcatrão, outras duas em cima do passeio. O taxista sai a correr depressa na direcção da tasca. O policia vem a andar devagar na direcção do táxi mal estacionado. Alguns minutos depois, a cena previsível e habitual. O taxista gesticula indignado, que “foi só um minuto”, que “anda a trabalhar”, que “não anda a roubar”, que “trabalha no duro”, filhos para sustentar”, que foi só o tempo de um fugaz bagacito. O bófia, com a insensibilidade de um Colina depois de assinalar um penalti inexistente, lá vai passando a multa e entretanto ultrapassa o ponto de não retorno porque há uma turba de curiosos atentos à cena, a impedir qualquer flexibilidade da autoridade, qualquer “vá lá que desta vez passa”. Estão ansiosos por ver lixado mais um taxista, esses gajos que tipicamente “são sempre a mesma merda” e que portanto merecem todas as multas possíveis.
Atente-se neste exemplo, que ilustra bem o circulo vicioso da filha da putice. O bófia foi-o, o taxista há-de o ser para alguém, porque alguém terá de pagar aquela multa. E assim sucessivamente.
Atente-se neste exemplo, que ilustra bem o circulo vicioso da filha da putice. O bófia foi-o, o taxista há-de o ser para alguém, porque alguém terá de pagar aquela multa. E assim sucessivamente.
1 comentário:
ahahah... altamente... O Robert H. Heinlein descreve uma cena semelhante no "um estranho numa terra estranha" mas era com macacos grandes, médios, pequenos e alcagoitas.
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