Como a minha actividade paranormal tem andado em baixo, não tenho aparecido por estas bandas. Embora de vez em quando me tenha lembrado deste meu projecto que se propõe efectuar uma investigação séria à tristeza, logo de imediato surgia em mim este pensamento: “que se fôda o blog!” Mas a verdade é que sabia que mais tarde ou mais cedo acabaria por aqui voltar. Não esperava que fosse por uma razão relacionada com um tema de certa maneira tabu entre a malta. Que eu saiba nunca li nada em blogs sobre o assédio dos rabetas a gajos normais escrito pelas vítimas, os gajos normais. Como ‘gajos normais’ quero dizer gajos que gostam de gajas e mais nada. Com ‘mais nada’ quero dizer que para muitos desses gajos, além de serem do Benfica, a normalidade ficar-se-á por ali e quem sabe até um dia em que um gajo gostar de uma gaja seja considerado uma anormalidade. E digo gostar, do género sentir tesão.
Aconteceu-me uma merda bastante desagradável hoje e daí vir agora até aqui desbobinar. Se pudesse tomava também um duche. Sei lá, talvez me ajudasse a limpar do desagradável acontecimento de que fui protagonista. Cortar o cabelo irei fazê-lo, logo, de certeza absoluta. Cortar o cabelo para mim tem um efeito terapêutico formidável. Ás vezes ando com neura e o facto de cortar o cabelo, não sei se é por poder espreitar pelo espelho a peidola da Fátinha ali a sirandar à minha volta enquanto me o corta e me conta as fabulosas aventuras da filha na escola, se simplesmente são as energias negativas que se me acumulam no couro cabeludo, sentido-me sempre aliviado de as ver ali no chão debaixo dos pés da Fátinha a serem depois varridas para dentro dum caixote do lixo onde irão encontrar-se mais tarde com latas de conserva de atum abertas e outro material não reciclável num qualquer aterro sanitário. A minha esperança é que por esta hora já ninguém esteja a ler esta merda. Na verdade tive uma necessidade tremenda de expurgar o desagradável acontecimento de que fui protagonista e daí ter vindo para aqui escrever e ressuscitar este blog quando se calhar já muitos o julgavam moribundo. Ainda assim, à cautela, vou tentar divagar ainda mais qualquer coisa, acrescentar mais meia dúzia de linhas de palha até chegar ao cerne da questão e que secretamente desejo que ninguém leia. Embora saiba que ao escrever “desejo que ninguém leia” esteja a despertar curiosidade num post que por este andar vai ser o post mais comprido e chato da minha vida. E estou a escrevê-lo primeiro no Word não só por causa do corrector ortográfico mas também porque não convém que o Blogger esteja muito tempo aberto aqui no trabalho. Acredito que há um qualquer puto bexigoso da informática que deve controlar esta merda, os acessos da malta à net durante o horário de expediente. Quando terminar de escrever, irei fazer copy & paste do texto para o Blogger. O problema ou talvez a vantagem é que os tipos do Google devem conseguir identificar os textos que foram copy & paste, e para eles tais textos constituirão informação duplicada, copiada, lixo que deve ser relegado para o fim no motor de busca. Aqui fica a dica para bloggers: se querem que os vossos textos sejam melhor pesquisáveis e apareçam nos primeiros lugares nos resultados do Google, quando estiverem a escrever os vossos posts façam-no directamente na caixa de texto do Blogger.
Bem, falemos então do que me aconteceu. Antes relembro um domingo à noite em Mafra quando andava na tropa. Um camarada meu chegava do fim de semana civil bastante perturbado. O tipo vinha do Entrocamento de comboio e ia depois a penantes até à Praça do Comércio onde se encontrava com um gajo de outro pelotão e vinham os dois no carro do outro apanhando pelo caminho outros recos (recrutas). Nessa noite, naquele quartel de luxo no interior do convento de Mafra, o tipo contou-me a mim e a mais outros gajos que cerca de uma hora antes, quando chegara a Santa Apolónia (estação) e se dirigia a pé ao encontro da habitual boleia, pelo caminho tinha sido abordado por um cabrão de um velho que o tinha assediado. Não o largaria até chegar ao carro. O velho, certamente com fetiche por rapazinhos fardados, insistia para que ele o deixasse chupar-lhe o piço. Dava-lhe vinte contos se lhe deixasse ‘mamar até ao fim e beber tudo’. E por aí fora, foi sempre a chateá-lo. O meu camarada era um gajo assim a dar pró brutamontes mas com cara de bebé, aquele tipo de gajo que se nota claramente quando está encaralhado porque o sangue lhe sobe exageradamente à cara. Contou-nos o transtornado pele vermelha que durante o caminho por várias vezes enxotara o velho, ameaçando-o que lhe ia aos cornos, mas o cabrão do velho nunca despregara e até correra atrás dele. A coisa na altura e durante muitos anos meteu-me confusão… Como podia alguém pagar para chupar no piço de outro ? Com o passar dos anos e depois ler o que se encontra escrito nas portas das casas de banho das estações de serviço das auto-estradas, apercebi-me que é um passatempo muito vulgar entre a rabetagem.
Lembro-me que na altura esta conversa serviu de mote a outras histórias que se teriam passado com outros camaradas. Todos os presentes confidenciaram histórias mais ou menos semelhantes sublinhando no entanto a forma heróica como se tinham desenvencilhado dos rabetas, sempre oferecendo-lhes porrada e até chegando a ir-lhes ao focinho. Senti-me aliviado por nunca me terem ocorrido semelhantes episódios. A verdade é que nunca fui um fantasma atraente para as gajas e portanto, no domínio dos rabetas também nunca o fui. Dificilmente alguém me consegue detectar. Mas se me visse numa daquelas situações não saberia como reagir. Decerto que não seria com violência porque eu não sou um gajo violento. Não por convicção, antes porque não tenho alternativa. Deus Nosso Senhor não foi generoso com a minha compleição física. Se pudesse era violento de bom grado. Mas dadas as contingências do meu ser, se me armasse em violento o mais certo era alguém ser violento também para mim. E isso eu não gosto. Prefiro ficar quieto. No entanto, passaram já bastantes anos e o que aconteceu aos meus camaradas, e que certamente já aconteceu a toda a malta da minha geração, também já me aconteceu a mim: Já fui assediado por rabetas. E caralho, não foi uma, não foram duas, foram três vezes, quatro, contando com a de hoje. O que não é muito. Não chega a ser uma vez por ano, quanto muito, foram uma ou duas vezes por década. A coisa fica na memória porque os rabetas são assim, extremamente directos e decididos, desbocados, descarados e ao mesmo tempo corajosos presumo. Correm sempre o risco de apanhar no focinho mas arriscam.
Presenciei uma vez uma cena memorável no Bairro Alto. Um tipo estava supostamente a fazer-se a outro. O outro sentindo-se incomodado foi ter com ele e começaram à porrada. Foram rapidamente separados mas deu para perceber que o rabeta dizia que não estava a olhar para o outro gajo não senhora. O outro gajo dizia que ele estava sim senhora. Estavam assim neste despique patético que tomei como lição. Considero perigoso um gajo confrontar um rabeta que o está a galar, com abordagens do género: “olha lá oh meu palhaço estás só a olhar para mim… há algum problema ?” Eu sei que é o que apetece fazer. Mas não, este tipo de abordagem não será o mais indicado. O rabeta fica com uma história para contar aos outros amigos rabetas e para ele será certamente uma vitória aperceber-se que conseguiu tirar um gajo do sério e deixá-lo bem fodido da vida perante a sua atitude cínica. O que sempre fiz foi ignorar, fingir que não me estou aperceber da situação e assim deixar o rabeta confuso ou a pensar que um gajo é parvo ou muito inocente. E mais uma vez presumo que os rabetas não gostam deste tipo de gajo, parvo e ou muito inocente.
As situações que se passaram comigo foram levezinhas, tirando a de hoje que me deixou fodido e me fez vir aqui escrever. A primeira foi num bar-disco no Algarve. Naquele momento estava sozinho junto a uma pequena mesa redonda e alta a galar as gajas na pista. Bebia uma imperial e quando chegou ao fim, quando ia colocar o copo vazio na mesa, estava um copo cheio junto a mim mesmo a pedir para ser bebido. Olhei para o copo e reparei num gajo que estava do outro lado da mesa e que me fez sinal apontando para a cerveja, do género “bebe querido que essa pago eu!”. Fingi que não era nada comigo. Nem reparei na fronha do gajo. Sei que desandei, não voltei a frequentar aquela mesa ou a olhar naquela direcção e o resto da noite decorreu com toda a normalidade: eu a beber mais cervejas e a galar as gajas na pista.
A segunda situação constrangedora ocorreu numa despedida de solteiro. Um panhó de merda aproximou-se do nosso grupo e perguntou se conhecíamos algum sitio fixe para curtir a noite. Estávamos na baixa, a caminho do Bairro Alto e eu era ali o veterano do grupo. Disse-lhe que fosse até ás Primas. Erro crasso! Dar conversa a panhós rabetas em qualquer parte do mundo é contraproducente. Mas sinceramente, na altura o tipo pareceu-me apenas mais um gajo com falta de mulher. O tipo não mais me largou com perguntas e perguntinhas até chegar rapidamente aquele ponto da conversa em que começa realmente a cheirar a esturro. Escusado será dizer que os conpinskas que me acompanhavam já se tinham apercebido da cena, colocando-se a uma razoável distancia a gozar o prato. O rabicholas já falava mal das gajas, que só davam problemas e tal… E tal o caralho!! A solução passou por deixar de responder. Simplesmente ignorar o gajo, como se fosse um cão vadio com aquelas carraças que parecem ervilhas penduradas nas orelhas, assim como faço com os pedintes. E o tipo lá desandou.
No Bairro Alto, numa outra noite, aconteceu-me uma que não foi propriamente um assédiozito. Metemo-nos com umas gajas que traziam a reboque um rebetazito. Ás tantas ele começou a fazer-se de intermediário, do tipo, que tínhamos hipóteses com elas, que uma gostava assim, a outra era assado, mas… Tínhamos mais hipóteses com ele… Lembro-me que o gajo às tantas me disse que apesar de ser rabeta era bem capaz de ser mais homem que eu! Uma coisa não invalidava a outra. Respondi-lhe que eu também era ateu mas que era mais cristão que o Papa! O tipo era um entertenier com piada e lá nos convencemos a segui-lo e a mais as gajas até ao… falha-me agora o nome… fica ali no Príncipe Real, muito conhecido…Trumps. Sei que chegamos à porta e tivemos de fazer um compasso de espera, capricho do portas. Estava também ali um policia que meteu conversa connosco e perguntou-nos se já conhecíamos o lugar. Nós dissemos que não. E era verdade. Lisboa era o Bairro Alto e o Príncipe Real era território inexplorado e desconhecido. O bófia, que nos tirou a pinta a certa altura disse-nos estas sábias palavras: “Epá, vão-se embora que isto não é para vocês…”
E hoje aconteceu-me esta merda… Entro no comboio e sento-me ao lado duma gaja. Não deu para lhe ver bem a cara mas sei que é loira. Na estação seguinte entra um gajo, engravatado, que se senta à sua frente. Quando passa por mim, toca-me no sapato e pede-me desculpa. Foda-se também não era razão para pedir desculpa! Acontece, é perfeitamente normal, o espaço entre os bancos é diminuto, normalíssimo a malta tropeçar nos pés uns dos outros. O gajo não me deu nenhuma canelada, foi um toquezito. Mas pronto, há gajos cheios de delicadezas e nove horas… O problema é que o engravatado, passados alguns momentos, sem a mínima razão e inesperadamente, desloca-se do banco frente à loira para o banco frente a mim. Ou seja, fico frente a frente com um, obviamente e mais que certo, rabicholas. De outro modo, que gajo ‘normal’ sai de um banco junto à janela, frente a uma gaja loira e boa para a frente de outro gajo agarrado a um telemóvel a jogar Chuzzle? Mas calma, começo de imediato a considerar outras hipóteses que teriam provocado esta súbita mudança de lugar. Estava sol a bater na cara do menino ? Não. O banquinho onde estava o menino tinha algum defeito ? Não. O menino não tinha espaço para colocar as perninhas ? Não, a loira estava toda encolhida de frio no banco.
As minhas duvidas desfazem-se por completo quando desvio o olhar do telemóvel e olho em frente. Constato que o gajo está a olhar para mim fixamente. Foda-se, Chuzzle outra vez durante alguns segundos e novo teste. O rabeta parece absorto em mim. Certifico-me, fito-o nos olhos algum tempo: é rabeta, não há duvida! Desculpem mas nenhum gajo que não conheça outro de lado nenhum fica mais que um décimo de segundo a olhar os olhos do outro em silêncio! E agora ? Não sou homofóbico, juro. Sou daqueles gajos politicamente correctos que acha que se são felizes a levar na peida epá tudo bem, é lá com eles. Agora não se sentem é meio metro à minha frente e se ponham em transe hipnótico a olhar para mim!
E agora um pormenor muito importante nesta história. Estou constipado! Durante todo o caminho vou a fungar. Estão a ver aquela situação incomoda em que estamos sentados frente a frente com um paneleirote e estamos com um constante corrimento nasal e temos de estar sempre a fungar para o liquido não escorra até aos lábios ? Estava assim. O quão eu desejava ter um lenço de papel. E às tantas, o perspicaz rabeta, cheio de delicadezas, saca do bolso uma embalagem de guardanapos de papel e estende-a à minha frente! E agora caralho ? Um gajo a precisar urgentemente de um lenço de papel e tenho um rabeta a oferecer-me uma embalagem inteira. Se fosse uma gaja que estivesse à minha frente oferecer-me-ia um lenço ? Claro que não. Era capaz de mudar de lugar enojada. Mas como é um rabeta, obviamente que sim, excelente motivo para meter conversa. Recusei a oferta e continuei a fungar.
1 comentário:
Desejo que os Próximos Natais ainda sejam mais felizes que este, que o Novo Ano traga novas vidas cheias de Su-sexo e que as Festas sejam o princípio de uma Noite Santa !
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