Por vezes vasculho no meu cada vez mais longínquo passado em busca de respostas para o meu cada vez mais inexistente presente. Outras vezes vasculho no Youtube. Desta vez cruzei-me com um clip onde uma gaja entra num quarto de hotel e começa a lamber tudo o que lhe aparece pela frente, desde frigoríficos, televisões e até mobiliário de casa de banho… Apesar de um certo patetismo, apesar de muito higiénico Cillit Bang, o vídeo tem uma considerável carga erótica. Eu pelo menos não fico indiferente quando vejo uma gaja com a língua de fora a lamber coisas.
Este vídeo teve ainda a virtude de me remeter para os primórdios da minha adolescência, reviver um episódio que de certa forma evidenciava a perversão que já me pulsava no sangue ainda naquela tenra idade.
Devia ter os meus 10 ou 11 anos e os meus avós davam em casa um jantar de despedida de uns primos que se encontravam de abalada para o Canadá depois das férias passadas na santa terra. Um dos meus primos trouxera a noiva, uma bela Canadiana dos seus 20 anos, da qual não tirei os olhos durante todo o jantar, período de tempo em que, definitivamente, estava absolutamente convencido de ter ali à minha frente a mulher mais bela do mundo.
Terminado o jantar voluntariei-me para levantar a mesa, apenas com um objectivo em mente… Pegar no copo onde aquelas mãos e aqueles lábios tinham tocado. Tendo o troféu comigo, fui para um recanto da cozinha onde pude apreciar convenientemente as marcas recentes de baton, pequenos laivos de saliva da bela ainda frescos no rebordo, as marcas dos seus dedos... Tudo foi então por mim lambido, tudo foi devorado, absorvido, o mais ínfimo traço do seu ADN foi aspirado para dentro da minha boca. A pervertida experiência soube a pouco…lembro-me da sensação de pousar o copo, que depois do meu tratamento, era apenas um copo tão vazio quanto o meu interior. Mas tinha experimentado uma espécie de prazer, ainda assim, apenas uma ínfima parte do que sentiria se pudesse em vez do copo, lamber os próprios lábios que tinham tocado no copo. Voltei para a mesa como se nada fosse comigo, decidido a aproveitar ao máximo, a fixar todos os belos pormenores do rosto da rapariga, para que me acompanhassem nas noites seguintes nos meus sonhos.
A fantasia e a imaginação contam muito no que à libido diz respeito. Anos mais tarde ocorreria um episódio que meteu também língua e boca, mas de uma puta do Intendente.
Eu e o meu habitual grupo de amigos frequentávamos assiduamente ao fim de semana as matinées do Crazy Nights onde acabámos por conhecer uns tipos mais velhos que, porque gostavam muito de miúdas da secundária com idade para serem quase suas filhas, estavam sempre ali batidos. Lembro-me de me interrogar se quando tivesse a idade deles também frequentaria as matinées… No entanto, a evolução foi normal, com o passar dos anos foi surgindo um desconforto natural de quem se sente deslocado no meio de tanta pitinha e pretende passar para o próximo nível de engate que só se encontra nas discotecas à noite.
Uma vez, à saída da discoteca, os gajos pergutaram-nos se queríamos ir com eles. E onde ? Ver putas! Há quem goste de ver o pôr do sol, há quem goste de ir ver os saldos ou os macacos no jardim zoológico. De facto a actividade lúdica de "ir ver putas" nunca me tinha ocorrido. Sem nada para fazer, fomos levados até ao coração fervilhante do Intendente onde os nossos cicerones se movimentavam com grande à vontade, cumprimentando este e aquele manfio, acenando para esta ou aquela puta encostada às paredes das ruelas. As putas não deviam nada à beleza. Invariavelmente cada uma delas parecia saída de um filme porno espanhol de baixa qualidade e cada uma delas tinha uma, várias ou todas das seguintes características: parecia uma drogada, parecia uma pessoa com uma doença terminal grave, parecia uma pessoa deprimida em ultimo grau, parecia uma pessoa desejosa de chegar a casa para enfiar no bucho uma caixa inteira de comprimidos e escrever uma carta de despedida cheia de erros ortográficos enquanto não surgia o efeito, parecia uma puta.
Apesar da ânsia em perder a virgindade com que um gajo por aquela altura se debatia, perdê-la com uma gaja daquelas devia ser um autêntico pesadelo. Embora estivesse longe de querer para mim um momento mágico e especial como queriam as miúdas daquela idade, não concebia minimamente ver-me frente a frente com uns dentes careados e um hálito com sabor a sémen do cliente anterior.
A certa altura um dos gajos mais velhos disse-nos “Epá esperem aí que eu vou ali dar uma foda naquela puta!” E lá foi ter com ela que, como estava à porta da pensão, foi só dar meia volta. Convém referir que por esta altura já nos tínhamos informado do preçário praticado pela generalidade das putas. O bóbó eram 500 paus mas por mais 100 ela engolia. A queca eram 2 contos (1 conto = 1000 paus = 1000 escudos = 5 euros) mas com alguma lábia conseguiam-se fodas com desconto de 50%, por 1000 paus portanto. Estamos a falar de preços praticados em meados dos anos 80.
Não passou muito tempo, talvez um quarto de hora, quando vimos surgir o gajo. Tinha então a ideia de que um gajo depois de dar uma foda ficaria diferente, mais alegre ou mais relaxado, mais feliz ou mais confiante, um gajo ficava diferente pela certa. Mas o gajo mais velho, que acabara de dar uma, parecia-me exactamente o mesmo gajo antes de dar uma. Quando ele chegou perto de nós, foi de imediato bombardeado com as nossas perguntas, de como tinha sido, o que tinham feito, etc… Então o gajo disse estas palavras que jamais esquecerei: “Foda-se mais valia ter batido uma punheta óh caralho!”.
O gajo teria preferido o copo. O triunfo da imaginação sobre a realidade.
2 comentários:
Brigada...é bom ouvir certas coisas.
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não deixem de passar por esta afamada rua
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obrigadinha
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