terça-feira, 24 de abril de 2007

À minha frente uma gaja mestiça limpa o nariz com o dedo enfiado num lenço. Pausa para verificar o que veio no lenço e nova insistência. Verificação, insistência. É assim durante alguns minutos até que guarda o lenço e saca de um corta unhas. Volta a entreter-se. Ao meu lado um animal, meia idade, cada vez que abre a boca, mais ou menos de estação em estação, faz de corneta, estilo bozina de camião TIR. Na diagonal a acompanhante, uma velha, tipo freira de férias. Adoro estas pessoas que se comportam como se estivessem em casa. Levanto-me. Á minha frente um gajo com um monte de verrugas castanhas encavalitadas na parte de lado do pescoço. Felizmente que tem a cabeça rapada senão nunca poderíamos presenciar aquele espectáculo. No principio do século XX havia quem pagasse para ver algo menos freak. Enojo-me. Viro a cabeça, mas aquela imagem não me sai. Preciso urgentemente de ver uma peidola.