sexta-feira, 6 de junho de 2008
A feira do livro de Lisboa é um lugarzinho inclinado cada vez mais repleto de livros que ninguém quis ou quer ler, entre outros que toda a gente é levada a querer. Este ano há a novidade das novas barracas da Leya, o único motivo de curiosidade que me faz subir a ladeira. Só para chatear, as novas barracas estão mesmo lá no topo. Até lá vou passando pelas antigas, cada uma delas com o habitual goblin no seu interior que nos mira do alto até à cintura, fazendo-nos o favor de nos fazer sentir alguém que pode gamar um livro a qualquer instante caso ninguém esteja a ver. No fundo não os censuro. Rodeados de livros, que mais podem fazer se não ir olhando e imaginar que todos os pelintras que por ali deambulam, não se sabe bem à procura do quê, são delinquentes... Chego então às novas barracas e rapidamente me apercebo que se abriu a caixa de pandora das barracas da feira do livro. A modernidade chegou ao parque! Cada uma das editoras da Leya tem uma barraca com uma rampa de um lado e umas escadas do outro. Os potenciais leitores entram pela rampa para a barraca rodeada de estantes, podendo percorre-las com o seu habitual olhar vazio ou não estejam ali perfiladas as mesmas 20 lombadas do ultimo do Saramago. Ao meio da barraca uma banca com mais livros. Faz-se assim um minicirtcuito dentro da barraca, entrando-se por um lado e saindo-se pelo outro de modo a seguirmos para a próxima barraca. Pega-se no livro que sub-repticiamente nos impingiram e é só dirigir-mo-nos à barraca central que processa as vendas de todas as barracas. Nem parece que estamos na feira do livro, antes no curral do livro. No próximo ano não será de admirar que as outras editoras, que não sejam entretanto compradas pela Leya, queiram também elas próprias ter os seus próprios currais... Ou seja, os descontos que se poderiam esperar nos livros, no futuro serão menores porque as editoras vão empatar dinheiro extra na construção de cada vez mais aprimorados currais. No futuro teremos melhores condições para nos impigirem livros, sem dúvida, livros mais caros. Fica desvirtuado completamente o conceito de feira do livro, que deve ser um sitio ad-lib, sem condições para comprar livros, mas para os descobrir. Se querem condições vão à Fnac!
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2 comentários:
É triste e nem precisa de investigação...
É o país que temos... ao que tem realmente valor é-lhe atribuida pouca atenção, o que conta mesmo são as "caras bonitas" que por aí deambulam promovidas pelos euros a mais que alguns possuem... euros mal gastos, também, a meu ver. Aparece lá pelo meu cantinho, a primeira frase deste teu post é quase o nome do meu blog... Os livros que ninguem quis dar a ler...
Abraço,
Sónia Pessoa
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