quarta-feira, 30 de julho de 2008

Não tenho nada contra as pessoas gordas. Mas acho que deviam comer menos. E ao afirmar isto sei que automaticamente ficam elas com algo contra mim. Se não ficam lixadas se lhe dissermos “epá estás gorda!”, ficam fulas quando lhes dizemos que deviam comer menos.
Escrevo estas linhas inspirado nos momentos que por vezes passo à hora do almoço na companhia de três pessoas gordas e de uma criancinha que para lá caminha. Sempre que nada de mais minimamente interessante há a observar, restam-me os gordos. Dedico-me à observação destas pesadas criaturas que regularmente se sentam nas mesas circundantes à minha e cujos graus de parentesco ainda não consegui discrutinar com exactidão. Sei que a criancinha é filha do gordo, tal é a autoridade com que a manda comer o resto do bife. As duas gordas que o acompanham podem muito bem ser a mulher gorda e a irmã gorda, ou vice versa, a gorda mulher e a gorda irmã, mas não tenho a certeza.
Hoje estavam sentados mesmo ao meu lado e ouvi-lhes inevitavelmente as conversas. Os surdos têm a sorte de ter legendas ou aquela senhora que parece que nunca envelhece lá no canto do televisor a traduzir os programas da televisão em linguagem gestual. Para perceber esta gente gorda precisava de um tradutor de “conversa de boca cheia”. Ainda assim deu para perceber que os temas giravam todos à volta de fascinantes acontecimentos passados, relembrados com comovente saudosismo: um bitoque comido uma vez em Castelo Branco, umas migas em Beja, uma sardinhada em Albufeira…A comida, principal protagonista em todas as conversas, era tratada carinhosamente com diminuitivos do tipo bifinho, batatinhas, peixinho, sopinha, arrozinho, canjinha, presuntinho, melãozinho, jaquinzinho…por aí fora. Imagine-se a ternura de um carrasco que antes de decapitar o condenado lhe pergunta sobre quem irá ganhar o campeonato este ano. É assim um tipo de ternura parecido com a dos gordos para com a comidinha. Aliás esta coisa dos inhos e das inhas foi algo que sempre abominei mas que parece estar cada vez mais em voga. O meu novo vizinho do lado tem a mania de dizer “então boa noitinha”! A ele ainda o perdoo porque a mulher é assim para o pequenin-ó-delicioso, nela é tudo inho. É natural que um gajo quando está com uma coizinha daquelas, até a noite pareça pequenina e lhe diga coisas mimosas como “abre as perninhas abre” ou “deixa-me chupar-te as maminhas deixa”. A verdade é que ela deve ser uma bela fodinha, a melhor febrinha do prédio sem dúvida.
Enquanto eu fantasio com a minha vizinha, toda a gente acusa os bio-combustiveis como os culpados da galopante escalada dos preços dos alimentos, mas é altura de apontar o dedinho aos verdadeiros culpados, os gordos, essa malta que come por duas, três ou quatros pessoas. Havendo cada vez mais gente gorda, é natural que a procura de alimentos aumente, logo, que o preço dos alimentos aumente, logo, que se gaste mais combustível para transportar mais alimentos, logo, que se gaste mais dinheiro para pagar gasolina cada vez mais cara, que se consuma mais terra arável, mais água, adubos para gerar mais alimento para alimentar os gordos. Resumindo, uma pessoa gorda é uma autêntica predadora dos recursos naturais do planeta que não merece ir para o céu. Só se lá em cima não houver Mc'Donalds. Nesse caso tudo bem, sejam benvindos. O céu sem hamburgueres deve ser inferno suficiente para um gordo.
As pessoas gordas são atentados ecológicos que deveriam ser combatidos com a mesma tenacidade com que se combatem as marés negras. Lá porque não vemos gaivotas sujas de nafta e sardinhas mortas a dar á praia, não quer dizer que não possamos imaginar as gaivotas esmigalhadas debaixo dumas nádegas gordas e as sardinhas a desaparecerem dentro daquelas bocas vorazes como se de jaquinzinhos se tratassem. Proponho batalhões de massagistas e personal-trainers, drenagens linfáticas e ginásios, dietas rigorosas e bandas gástricas, psicoterapias e jogging, tudo subsidiado se for preciso com dinheiro dos magros.
Nos anos 70, em plena crise energética, pleno choque petrolífero, a Air France pôs-se a fazer contas e descobriu que após cada viagem os aviões acumulavam no seu interior não sei quantos quilos de pó. Concluíram que se aspirassem os aviões como deve de ser, conseguiriam recolher ao final do dia não sei quantos quilos de pó que corresponderiam a não sei quantos quilos a menos no peso dos aviões significando uma poupança de não sei quantos litros de fuel. Era tempo de se fazerem umas não sei quantas contas, não aos quilos de pó, antes aos índices de massa corporal dos ocidentais, quanta banha poderia ser lipo-aspirada como deve de ser, e chegar-se também à conclusão dos milhões de litros de gasolina que se poupavam se houvesse menos peso nos automóveis e transportes públicos, resultando em consequência menos emissão de CO2 para a atmosfera e menos apoplexias.
É tempo de acabar com essa imagem chocante e cada vez mais vulgar que é ver um daqueles chinelos de enfiar o dedo do pé reduzido à espessura duma folha de papel debaixo dos pés duma gorda. É tempo de gritar com toda a força dos nossos pulmões: “Viva os tornozelos bem torneados em cima duns sapatos de salto alto!”

1 comentário:

Anónimo disse...

nao tenho nada a ver com as pessoas gordas max existe cada vez + pessoas com bulimia e outras com anorexia