segunda-feira, 11 de junho de 2007

Coisa rara, observo despreocupadamente uma gaja estrangeira entretida a enviar uma mensagem pelo telemóvel. É raro fazê-lo assim, olhar inocente, em que se olha e não se pensa nada do género “grandas mamas”, “olha-me aqueles lábios”, “que peidola divinal”, coisas que com naturalidade passam pela cabeça de um gajo. Observo, simplesmente, fixando pontos sem o mínimo interesse, como os motivos da sua mala de tecido.
A gaja é alemã, não se coíbe de mostrar o visor do telemóvel. Imagino que pode estar a mandar uma sms para uma amiga a dizer qualquer coisa como “anne estou ao lado de um portuga que está só a micar a minha mala... começo a ficar com receio que em vez de me querer comer me queira roubar!”. O que passa pela cabeça de um gajo, mesmo olhando despreocupadamente e sem ter qualquer pensamento pervertido na tola...
Então reparo numa característica interessante na gaja. Ela é daquelas pessoas, coisa igualmente rara, que expressa facialmente o que está a sentir, no caso, o que escreve. Quase que para cada letra que tecla no telemóvel, faz como que pequenos esgares condizentes. Torna-se mais evidente quando remexe na sacola e faz uma expressão com a cara do género “onde é que eu pus os rebuçados do dr. Bayard ?”. É uma mima inata. Enquanto não saio, efectua varias buscas pelos vários bolsos da sua mala, sempre com expressões faciais adequadas a pensamentos tais como “olha!! encontrei este femidon, mas ainda não é isto o que procuro!“. Era boa.

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