Começo a percorrer o corredor dos lugares sentados e como habitualmente selecciono criteriosamente o local onde me vou sentar, sempre na expectativa de num golpe de vista vislumbrar o lugar perfeito, virado para a frente da marcha, ao lado duma gaja boa, de frente para uma gaja mesmo boa.
Mas desta vez não tenho alternativa. Por não existirem outros lugares vagos, sou forçado a sentar-me ao lado duma pretita que à sua frente tem um puto pretito, para efeito deste relato, seu sobrinho. A pretita, sem história, agora o puto, rapidamente me faz aperceber que a viagem irá ser um calvário, pois estou na presença de um puto nitidamente hiperactivo que não pára nem calado nem quieto no banco. Até que, quando já me preparo para desenroscar a cabeça do raio do puto como se fosse um daqueles bonecos da playmobil, a irmã, para nos sossegar, começa com ele a cantarolar uma musiquinha que dura todo o resto daquela santa viagem e que reza assim:
puto: “O teu pai construiu uma casa ?”
prima: “Sim!”
puto: “Quantos pregos é que usou ?”
e a prima dizia um número ao calhas, para depois voltar o puto à carga:
puto: “O teu pai construiu uma casa ?”
prima: “Sim!”
puto: “Quantos pregos é que usou ?”
e a prima dizia um número ao calhas, para depois voltar o puto à carga:
puto: “O teu pai construiu uma casa ?”
prima: “Sim!”
puto: “Quantos pregos é que usou ?”
e a prima dizia um número ao calhas, para depois voltar o puto à carga:
puto: “O teu pai construiu uma casa ?”
prima: “Sim!”
puto: “Quantos pregos é que usou ?”
e a prima dizia um número ao calhas, para depois voltar o puto à carga:
puto: “O teu pai construiu uma casa ?”
prima: “Sim!”
puto: “Quantos pregos é que usou ?”
e a prima dizia um número ao calhas, e assim sucessivamente até que, hipnotizado pela musiquinha, desenrosco a minha própria cabeça e a pontapeio para bem longe.
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